Viagem épica: borboletas painted lady percorrem 4.200 km do Atlântico até a Guiana Francesa

Tempo de leitura: 2 minutos
Por Chi Silva
- em
Borboleta Vanessa cardui navegando os ventos do oceano em pleno voo.

São PauloEm outubro de 2013, Gerard Talavera, pesquisador do Instituto Botânico de Barcelona, encontrou borboletas Vanessas na praia da Guiana Francesa. Isso foi inesperado, pois essas borboletas geralmente não são vistas na América do Sul. Sua descoberta resultou em um estudo internacional para descobrir a origem dessas borboletas.

Um grupo de pesquisadores utilizou novas técnicas.

  • Reconstruíram as trajetórias do vento.
  • Sequenciaram os genomas das borboletas.
  • Analisaram isótopos de hidrogênio e estrôncio nas asas das borboletas.
  • Sequenciaram o DNA dos grãos de pólen carregados pelas borboletas.

Padrões de vento indicavam que um voo da África Ocidental através do Atlântico era possível. Testes genéticos mostraram uma conexão mais próxima com grupos africanos e europeus, eliminando a América do Norte como uma possibilidade. Testes de isótopos, juntamente com um modelo de condições favoráveis de crescimento, apontaram uma origem provável na Europa Ocidental, como França, Irlanda, Reino Unido ou Portugal.

O Dr. Bataille afirmou que essa é a primeira vez que essas técnicas moleculares foram empregadas em insetos migratórios. Ele achou os resultados promissores e acredita que a técnica pode revolucionar nosso entendimento sobre a migração de insetos.

Roger Vila, pesquisador do Instituto de Biologia Evolutiva, afirmou que, embora as borboletas pareçam frágeis, elas podem realizar feitos incríveis. Ainda há muito a ser descoberto sobre suas capacidades.

A equipe analisou a quantidade de energia necessária para um voo transatlântico. Descobriram que, graças às condições favoráveis dos ventos, as borboletas conseguem voar sem parar por 5 a 8 dias. Sem a ajuda do vento, elas só conseguiriam voar 780 km antes de esgotar suas energias.

Eric Toro-Delgado explicou que as borboletas economizam energia alternando entre voar ativamente e planar. Pesquisadores também descobriram que a camada de ar do Saara desempenha um papel importante. Esta corrente de ar move poeira da África para a América e pode também transportar seres vivos.

Um novo estudo indica a existência de rotas aéreas naturais que conectam diferentes continentes. Esses caminhos podem ajudar as espécies a se espalharem mais do que imaginávamos. Megan Reich, pesquisadora da Universidade de Ottawa, acredita que isso mostra que ainda não compreendemos totalmente a capacidade dos insetos de viajar e como essas movimentações afetam os ecossistemas.

O pesquisador Gerard Talavera destacou que a migração tem um papel crucial na distribuição das diversas espécies. Ele alertou que o aquecimento global e as mudanças climáticas podem fazer com que mais espécies se desloquem por longas distâncias. Isso poderia impactar significativamente a biodiversidade e os ecossistemas em todo o mundo.

Gerard Talavera destacou a importância de monitorar frequentemente os insetos que migram para novos territórios. Isso pode nos ajudar a prever e mitigar problemas para diversas espécies causados pelas mudanças no mundo.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41467-024-49079-2

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Tomasz Suchan, Clément P. Bataille, Megan S. Reich, Eric Toro-Delgado, Roger Vila, Naomi E. Pierce, Gerard Talavera. A trans-oceanic flight of over 4,200 km by painted lady butterflies. Nature Communications, 2024; 15 (1) DOI: 10.1038/s41467-024-49079-2
França: Últimas notícias
Leia mais:

Compartilhar este artigo

Comentários (0)

Publicar um comentário