Desvendando as causas das nocivas florações de algas no lago Okeechobee, na Flórida

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Por João Silva
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Florescimento de algas verdes na superfície do Lago Okeechobee.

São PauloLago Okeechobee enfrenta aumento de algas nocivas

O Lago Okeechobee, na Flórida, tem registrado um aumento de florescimentos de algas nocivas nos últimos 20 anos. Um estudo aprofundado realizado por cientistas do Instituto Oceanográfico Harbor Branch da Universidade Atlântica da Flórida revelou novas causas para esse problema contínuo. No passado, a redução de fósforo era a única medida tomada, mas as novas descobertas mostram que essa estratégia é insuficiente.

Os principais resultados do estudo indicam:

  • O florescimento é cada vez mais alimentado tanto pelo fósforo quanto pelo nitrogênio.
  • Os resíduos humanos, especialmente das áreas urbanas, são um contribuinte significativo para o problema.
  • As chuvas e eventos climáticos extremos agravam o florescimento.
  • Os níveis de nitrogênio são particularmente altos nos estuários e de fontes urbanas.

Níveis de fósforo no Lago Okeechobee aumentaram ao longo dos anos, favorecendo o crescimento de bactérias nocivas como Dolichospermum e Microcystis. Esse aumento é causado pelo escoamento de fazendas e o crescimento das cidades, especialmente na região de Orlando. Os níveis de nitrogênio também são elevados, dificultando o gerenciamento do lago com foco apenas no fósforo.

De 2018 a 2021, pesquisadores realizaram intensas campanhas de amostragem, incluindo viagens em 2019 e 2020, para estudar os padrões de nutrientes na Hidrovia do Lago Okeechobee. Eles descobriram que os resíduos humanos eram uma fonte significativa de nitrogênio, o que ficou claro pelos altos níveis de nitrogênio no fitoplâncton. Isso foi especialmente perceptível em áreas urbanizadas, como os rios St. Lucie e Caloosahatchee.

A sincronização das chuvas foi essencial. Grandes florescimentos ocorreram após chuvas intensas em 2013, 2016 e 2018. Nesses períodos, mais nitrogênio foi levado ao lago, o que favoreceu o crescimento dos blooms. Em anos secos como 2019 e 2020, esses grandes florescimentos não apareceram, evidenciando que os padrões climáticos são fundamentais para esses eventos.

Cientistas agora entendem que o excesso de nitrogênio pode influenciar a gravidade das florações de Microcystis. A pesquisa revelou que o gerenciamento do nitrogênio é tão crucial quanto o controle do fósforo. Esse novo entendimento está impulsionando novas estratégias para manter a água limpa, focando na gestão de ambos os nutrientes.

Projetos estão em andamento para aprimorar o tratamento de águas residuais e a armazenagem de água ao norte do Lago Okeechobee. Um desses projetos é o Projeto de Restauração da Bacia do Lago Okeechobee. Além disso, estabelecer limites para a quantidade de nitrogênio permitida nos estuários de St. Lucie e Caloosahatchee visa reduzir os nutrientes que causam o crescimento de algas nocivas.

Os surtos de algas nocivas estão aumentando e impactando a qualidade da água, a saúde pública e a economia. Eles colocam em risco a água potável, atividades recreativas, turismo e pesca. Os resultados mostram que precisamos de uma melhor gestão de nutrientes para proteger os recursos hídricos da Flórida.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1016/j.hal.2024.102710

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Brian E. Lapointe, Rachel A. Brewton, Malcolm N. McFarland, Nicole Stockley. Nutrient availability in a freshwater-to-marine continuum: Cyanobacterial blooms along the Lake Okeechobee Waterway. Harmful Algae, 2024; 139: 102710 DOI: 10.1016/j.hal.2024.102710
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