Terapia com fagos: uma solução precisa contra bactérias resistentes

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Por Alex Morales
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Visão microscópica de fagos atacando uma superbactéria.

São PauloÀ medida que a resistência aos antibióticos se torna um problema crescente, os médicos estão redescobrindo o interesse pela terapia com fagos. Este tratamento utiliza vírus chamados bacteriófagos para combater infecções bacterianas e está ganhando destaque por sua capacidade de enfrentar superbactérias. Cientistas do Instituto Pasteur e de outras instituições conseguiram uma descoberta significativa ao usar inteligência artificial para selecionar a melhor combinação de fagos com base no material genético das bactérias. Esse avanço é um passo crucial em direção à criação de tratamentos personalizados para infecções que não respondem aos antibióticos tradicionais.

Esta nova terapia possui várias características importantes que estão em evolução.

  • Especificidade: Os fagos são capazes de atacar seletivamente bactérias nocivas sem prejudicar as benéficas, diferente dos antibióticos de amplo espectro.
  • Solução em Evolução: Os fagos evoluem junto às bactérias, o que pode fornecer soluções de longo prazo contra a resistência bacteriana.
  • Tratamentos Personalizados: Com a análise do DNA bacteriano, a inteligência artificial pode identificar fagos específicos que combatem efetivamente as bactérias em questão.

Terapia com fagos traz benefícios pois é extremamente precisa. Ao contrário dos antibióticos convencionais, que podem destruir diversos tipos de bactérias e desequilibrar o microbioma, os fagos atacam apenas cepas bacterianas específicas. Essa precisão é ao mesmo tempo vantajosa e desafiadora. Para utilizar o fago adequado, é preciso conhecer bem a interação entre bactérias e fagos e contar com um banco de dados robusto sobre a eficácia dos fagos contra diferentes genomas bacterianos.

Utilizar IA nessa situação é vantajoso porque ela consegue analisar grandes volumes de dados e identificar conexões entre a genética bacteriana e a probabilidade de serem afetadas por fagos. Por exemplo, pesquisadores descobriram que os fagos infectam bactérias mais devido às estruturas de superfície das bactérias do que por suas defesas internas. Esse achado ajuda na seleção de fagos que podem superar eficazmente as defesas bacterianas.

Terapia com fagos apresenta potencial promissor, porém enfrenta desafios. Um dos principais obstáculos é a regulamentação. Em países como a França, o uso de fagos é permitido apenas para casos específicos e sob aprovação rigorosa. Além disso, é necessário realizar testes abrangentes para garantir que os fagos funcionem bem não só em laboratórios, mas também em diversas situações do mundo real.

O foco atual está em tratar Escherichia coli, mas a terapia com fagos pode ser útil para muitas outras bactérias. Os cientistas desejam aprimorar o modelo de IA para que ele possa abordar várias bactérias prejudiciais, possibilitando tratamentos específicos para diferentes infecções bacterianas.

A terapia com fagos está se tornando novamente popular como uma promissora solução para enfrentar a resistência a antibióticos. Ela oferece uma nova opção para tratamentos médicos personalizados.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41564-024-01832-5

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Baptiste Gaborieau, Hugo Vaysset, Florian Tesson, Inès Charachon, Nicolas Dib, Juliette Bernier, Tanguy Dequidt, Héloïse Georjon, Olivier Clermont, Pascal Hersen, Laurent Debarbieux, Jean-Damien Ricard, Erick Denamur, Aude Bernheim. Prediction of strain level phage–host interactions across the Escherichia genus using only genomic information. Nature Microbiology, 2024; 9 (11): 2847 DOI: 10.1038/s41564-024-01832-5
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