Pesquisadores pedem monitoramento do ar em cidades após relatos de cheiros e impactos na saúde

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Por Chi Silva
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Paisagem urbana com dispositivos de monitoramento da qualidade do ar.

São PauloPesquisadores da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC) descobriram a importância de monitorar a qualidade do ar nas cidades. Eles constataram que os cheiros nos bairros de Vancouver podem estar afetando a saúde das pessoas. Utilizando dados do aplicativo Smell Vancouver, analisaram 549 relatos de um ano e obtiveram resultados significativos.

Cerca de 65% das reclamações estavam relacionadas a cheiros de "podre" e "químico". Esses odores foram associados a problemas de saúde como dores de cabeça e ansiedade. Alguns moradores até mudaram seus hábitos, passando a manter as janelas fechadas durante o tempo quente.

O estudo identificou as principais fontes de odores urbanos:

  • Gestão de resíduos
  • Atividades industriais
  • Processamento de animais
  • Lixo e compostagem
  • Agricultura e cultivo de cannabis

Quatro municípios se destacaram: Vancouver, Delta, Burnaby e Richmond. Cada região tinha seus próprios cheiros e sintomas relacionados. Muitas pessoas em Vancouver relataram odores de processamento animal. Delta teve mais reclamações sobre lixo, compostagem, agricultura e canábis.

A eficácia da "ciência coletiva" foi demonstrada pelos dados do aplicativo Smell Vancouver. Métodos tradicionais de medição da qualidade do ar têm limitações, pois frequentemente falham em detectar mudanças repentinas nos odores por serem realizados em locais fixos e em horários determinados. Dr. Sahil Bhandari, ex-pesquisador da UBC, esclareceu que os cheiros são uma experiência muito pessoal. O que algumas pessoas não gostam, outras podem achar aceitável, e os sistemas tradicionais não conseguem capturar essa variação.

O aplicativo detectou um cheiro ruim de um acidente em uma refinaria antes mesmo de qualquer notícia oficial ser divulgada. Isso demonstrou que ele pode ajudar a informar o público e responder rapidamente a emergências.

O aplicativo forneceu informações valiosas, mas necessita de mais participação dos usuários. Ele atraiu principalmente mulheres brancas entre 30 e 49 anos, sem problemas crônicos de saúde e homens ricos. Futuras pesquisas buscarão obter feedback de um público mais diversificado.

Dra. Naomi Zimmerman, da UBC, afirma que o uso de dados fornecidos pelo público pode ajudar os planejadores urbanos e responsáveis por políticas a lidarem melhor com cheiros desagradáveis. O projeto SmellVan demonstra a necessidade de estabelecer normas para controlar as fontes de odores e seus impactos na saúde. Além disso, destaca a importância de levar em conta as opiniões dos diversos membros da comunidade.

Os resultados indicam que precisamos de dados detalhados e em tempo real para monitorar melhor a qualidade do ar nas áreas urbanas. A participação de mais pessoas pode nos ajudar a compreender melhor os diferentes odores nas cidades e seu impacto na saúde e bem-estar.

A pesquisa foi publicada na revista Pesquisa Ambiental: Saúde.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1088/2752-5309/ad5ded

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Sahil Bhandari, Davi de Ferreyro Monticelli, Karen Xie, Andre Ramkairsingh, Rochelle Maher, Angela Eykelbosh, Sarah B Henderson, Naomi Zimmerman, Amanda Giang. Odor, air quality, and well-being: understanding the urban smellscape using crowd-sourced science. Environmental Research: Health, 2024; 2 (3): 035012 DOI: 10.1088/2752-5309/ad5ded
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