Nova teoria evolutiva: modelo matemático revela por que mamíferos machos não amamentam

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Por Chi Silva
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Ilustração de fita de DNA de mamífero e gota de leite

São PauloPesquisadores da Universidade de York desenvolveram um novo modelo matemático para explicar por que os mamíferos machos geralmente não amamentam. O estudo sugere que apenas um dos pais amamentando pode ajudar a prevenir a disseminação de microrganismos nocivos. Esse achado reforça as teorias atuais sobre a raridade da lactação masculina.

O morcego frugívoro Dayak das florestas tropicais da Malásia é especial por ser o único mamífero macho selvagem que produz leite. Embora isso seja raro, a maioria dos mamíferos machos possui o potencial de produzir leite. Anteriormente, acreditava-se que os machos tinham menos probabilidade de amamentar porque não tinham certeza se os filhotes eram seus. A nova teoria oferece outra explicação para isso.

Principais conclusões do estudo incluem:

  • A lactação masculina é rara, apesar do potencial em muitos mamíferos machos.
  • Teorias existentes relacionam isso à incerteza de paternidade.
  • Nova teoria sugere a transmissão microbiana como outro fator.

Pesquisadores da Universidade de York, incluindo o Dr. George Constable e o Dr. Brennen Fagan, desenvolveram uma teoria publicada na Nature Communications. Eles sugerem que a rica comunidade microbiana do leite materno, essencial para a saúde intestinal do bebê, poderia disseminar micróbios nocivos caso ambos os pais amamentassem. Restringir a amamentação apenas à mãe ajuda a prevenir a propagação de micróbios prejudiciais e a favorecer os benéficos.

Dr. Constable falou sobre os macacos-da-noite de Azara, que demonstram que os machos podem ser muito envolvidos no cuidado dos filhotes, mesmo sem amamentar. Os macacos machos cuidam dos bebês na maior parte do tempo, mas os entregam às fêmeas para a amamentação. Isso apoia uma nova ideia de que apenas as mães amamentando ajudam a reduzir o risco de disseminar germes nocivos.

O Dr. Fagan explicou que o leite materno é fundamental para o desenvolvimento de um intestino saudável, que abriga bactérias, vírus e fungos. A combinação desses microrganismos influencia nossa saúde. Problemas podem surgir se microrganismos nocivos proliferarem, especialmente nos primeiros anos de vida. Sua pesquisa sugere que a amamentação exclusiva pela mãe pode ser uma boa estratégia.

Os pesquisadores destacaram que os microrganismos podem ser benéficos ou prejudiciais, dependendo do equilíbrio e da presença deles. Essa ideia está em consonância com outras estratégias observadas em mamíferos para limitar elementos nocivos, como o DNA mitocondrial passado apenas das mães e relações monogâmicas ajudando na prevenção da disseminação de ISTs.

Os pesquisadores alertam que essa ideia não deve ser usada para determinar como os seres humanos devem criar seus filhos. Dr. Fagan explicou que o estudo analisa a evolução dos mamíferos ao longo do tempo, e não os métodos de alimentação infantil usados hoje em dia.

Este estudo apresenta uma nova explicação para o fato de que os mamíferos machos geralmente não amamentam. Ele sugere que a transferência de micróbios pode ser um fator na evolução, complementando outras teorias existentes. As descobertas ilustram a complexidade da evolução e como diversos elementos interagem para moldar o comportamento e a aparência dos animais.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41467-024-49559-5

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Brennen T. Fagan, George W. A. Constable, Richard Law. Maternal transmission as a microbial symbiont sieve, and the absence of lactation in male mammals. Nature Communications, 2024; 15 (1) DOI: 10.1038/s41467-024-49559-5
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