Edição genética transformadora aprimora a eficácia da terapia de células CAR-T no combate ao câncer

Tempo de leitura: 2 minutos
Por Ana Silva
- em
Células CAR-T editadas geneticamente combatendo o excesso de proteína brilhantemente.

São PauloPesquisadores da Mayo Clinic descobriram um novo motivo pelo qual a terapia com células CAR-T às vezes falha em pacientes com câncer. Esta descoberta levou a novas maneiras de melhorar o tratamento. O Dr. Saad Kenderian, consultor de Hematologia na Mayo Clinic, e sua equipe compartilharam seus resultados na revista Nature Communications.

A terapia com células CAR-T funciona ao extrair células T do paciente, modificá-las para atacar o câncer e, em seguida, reintroduzi-las no organismo. Essas células alteradas ajudam o sistema imunológico a combater o câncer. Essa terapia pode, às vezes, curar completamente o câncer do sangue, mas muitas vezes não funciona porque as células T ficam esgotadas. Cientistas descobriram que altos níveis de uma substância chamada interleucina-4 (IL-4) estão ligados a esse cansaço das células T.

Estudo revela a causa da exaustão das células CAR-T e propõe soluções

A pesquisa da equipe identificou que as células CAR-T defeituosas produzem excesso de IL-4, o que conduz à sua exaustão. Para solucionar isso, os pesquisadores buscaram métodos para reduzir ou eliminar o IL-4, ajudando assim as células CAR-T a funcionarem corretamente. Eles utilizaram a edição genética por CRISPR e anticorpos monoclonais para abordar o problema.

Principais descobertas e intervenções deste estudo:

  • Identificação de IL-4 elevado como causa do esgotamento de células CAR-T.
  • Uso do CRISPR para eliminar IL-4 das células CAR-T, melhorando significativamente sua capacidade de combater o câncer.
  • Teste de anticorpos monoclonais para neutralizar IL-4, revigorando as células CAR-T.

Uma grande preocupação com a terapia de CAR-T é que as células T podem perder eficácia logo após serem administradas a um paciente, levando a uma recaída. Por essa razão, identificar e direcionar o IL-4 é crucial para o sucesso a longo prazo. Utilizando o CRISPR, uma tecnologia de edição genética, oferece uma solução precisa. Ao remover o gene que causa a produção excessiva de IL-4, cientistas conseguem tornar as células T mais fortes e eficazes no combate ao câncer.

O uso de anticorpos monoclonais fortalece as células CAR-T diante dos desafios do ambiente tumoral. Esses anticorpos conseguem neutralizar os efeitos nocivos da IL-4 sem alterar a estrutura genética das células T.

Esta pesquisa está iniciando possíveis ensaios clínicos na Mayo Clinic para pacientes que sofreram com a exaustão das células CAR-T. As descobertas do estudo podem levar a tratamentos melhores agora e no futuro, contribuindo para o desenvolvimento de terapias contra o câncer mais personalizadas e eficazes. Utilizar edição genética e imunoterapia representa um grande avanço na oncologia, oferecendo aos pacientes com câncer uma nova esperança de remissão duradoura.

Este estudo contou com financiamento proveniente de diversas fontes, incluindo Kite, uma empresa da Gilead, e os Institutos Nacionais de Saúde. A colaboração entre diferentes áreas demonstra a importância da interdisciplinaridade para alcançar avanços médicos significativos.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41467-024-51978-3

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Stewart, C.M., Siegler, E.L., Sakemura, R.L. et al. IL-4 drives exhaustion of CD8+ CART cells. Nat Commun, 2024 DOI: 10.1038/s41467-024-51978-3
Ciência: Últimas notícias
Leia mais:

Compartilhar este artigo

Comentários (0)

Publicar um comentário