As plantas são inteligentes? Depende da definição

Tempo de leitura: 2 minutos
Por Chi Silva
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Planta com raízes navegando em labirinto sob visão microscópica

São PauloAs plantas de solidago conseguem perceber outras plantas próximas sem tocá-las, utilizando a luz vermelha distante refletida das folhas. Quando herbívoros comem a solidago, ela altera sua resposta de acordo com as plantas ao redor. Isso levanta a questão: As plantas são inteligentes?

Andre Kessler, um ecologista químico, afirma que as plantas são inteligentes. Em um artigo, ele lista mais de 70 definições de inteligência e destaca que não há uma definição única e consensual. A maioria acredita que a inteligência requer um sistema nervoso central, e alguns biólogos vegetais comparam os sistemas vasculares das plantas a esses sistemas nervosos, sugerindo que as plantas podem processar e responder a informações. No entanto, Kessler discorda, afirmando que não há evidências concretas de que as plantas possuam um sistema nervoso. Ainda assim, ele não descarta a ideia de que as plantas possam enviar sinais elétricos.

Kessler e Michael Mueller tornaram o conceito de inteligência vegetal mais acessível ao se concentrar nos aspectos essenciais.

  • A habilidade de resolver problemas
  • Com base nas informações do ambiente
  • Para alcançar um objetivo específico

Kessler pesquisou como as plantas de goldenrod reagem quando são atacadas por pragas. As larvas do besouro das folhas se alimentam das folhas do goldenrod, fazendo com que a planta libere substâncias químicas. Esses químicos sinalizam para outros insetos que a planta está danificada. As plantas de goldenrod próximas detectam esses sinais e se preparam para a defesa. Essa reação ajuda a distribuir os danos das pragas entre as plantas. Em um estudo de 2022, Kessler e Alexander Chautá descobriram que o goldenrod pode perceber a luz vermelho distante refletida das plantas vizinhas.

As plantas de goldenrod se comportam de forma diferente quando há outras plantas por perto. Elas crescem mais rápido e produzem substâncias defensivas para lidar com herbívoros. Quando estão sozinhas, não crescem mais rápido e utilizam substâncias diferentes. Kessler afirma que isso demonstra a capacidade da planta de alterar seu comportamento conforme o ambiente.

As plantas de goldenrod são capazes de detectar substâncias químicas no ar que indicam a presença de pragas. Ao perceberem esses sinais, elas se preparam para possíveis ataques. Isso mostra que as plantas conseguem usar os sinais do ambiente para antecipar e responder a ameaças futuras.

Chamar as plantas de inteligentes pode nos trazer novas ideias sobre como elas se comunicam. Isso também pode mudar nossa compreensão sobre a inteligência. Kessler afirma que a inteligência artificial (IA) não resolve problemas com um objetivo claro, pelo menos por enquanto. Segundo sua definição, a IA não é verdadeiramente inteligente; ela apenas identifica padrões nas informações que pode acessar.

Kessler acha interessante que, na década de 1920, matemáticos sugeriram que as plantas funcionam de uma maneira diferente do que se pensava anteriormente. Eles acreditavam que cada célula vegetal age por conta própria, enquanto a planta como um todo opera sem um sistema de controle central. Em vez de utilizar sinais elétricos, as plantas utilizam sinais químicos por todo o organismo.

Pesquisas indicam que células de plantas podem detectar luz e certos químicos de plantas próximas. Cada célula vegetal consegue perceber seu ambiente com precisão. Elas utilizam sinais químicos para se comunicar e responder com mudanças no crescimento ou metabolismo. Kessler aprecia este conceito.

O artigo foi financiado por uma bolsa do Fundo New Phytologist.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1080/15592324.2024.2345985

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

André Kessler, Michael B. Mueller. Induced resistance to herbivory and the intelligent plant. Plant Signaling & Behavior, 2024; 19 (1) DOI: 10.1080/15592324.2024.2345985
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