Eleições 2024: direita radical lidera; Macron enfrenta desafios?
São PauloPesquisas de boca de urna das eleições de 2024 na França mostram o partido de extrema-direita, Reunião Nacional, na liderança. Isso torna incerto o resultado do segundo turno, embora outras pesquisas indiquem que o Reunião Nacional pode conquistar mais da metade das cadeiras. Para obter a maioria absoluta, um partido precisa de pelo menos 289 das 577 cadeiras na Assembleia Nacional. A Assembleia Nacional é a câmara parlamentar mais influente da França.
Macron será presidente até 2027 e afirma que não renunciará antes disso. Se o Reagrupamento Nacional ou outro partido conquistar a maioria, Macron terá que escolher um primeiro-ministro desse partido. Esse arranjo é chamado de "coabitação" na França. O governo então seguiria políticas diferentes das de Macron. A França já teve três coabitações antes, sendo a última delas entre o Presidente Jacques Chirac e o Primeiro-Ministro Lionel Jospin de 1997 a 2002.
Pontos principais:
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- Apoiadores do Rassemblement National podem conquistar a maioria absoluta com pelo menos 289 das 577 cadeiras.
- Se outra força política alcançar a maioria, Macron deverá nomear um novo Primeiro-Ministro desse grupo.
- Isso criaria uma "coabitação" onde as políticas do Primeiro-Ministro divergem das do Presidente.
O papel do Primeiro-Ministro em tempos de coabitação política
O primeiro-ministro responde ao parlamento, administra o governo e sugere novas leis. De acordo com o historiador político Jean Garrigues, em períodos em que o presidente e o primeiro-ministro pertencem a partidos diferentes, as políticas do primeiro-ministro ganham mais relevância. Nessas ocasiões, o presidente possui menos poder dentro do país, mas mantém o controle sobre a política externa, assuntos europeus e defesa. Além disso, o presidente negocia e aprova tratados internacionais, lidera as forças armadas e detém os códigos nucleares.
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Garrigues explica que o presidente pode interromper ou adiar alguns dos planos do primeiro-ministro ao não aprovar as regras ou decretos do governo. Contudo, o primeiro-ministro pode solicitar que a Assembleia Nacional vote nessas regras e decretos, que poderão avançar mesmo com a hesitação do presidente.
Em situações anteriores de partilha de poder, o presidente geralmente cuidava das políticas de defesa e relações exteriores, frequentemente encontrando um entendimento com o primeiro-ministro para garantir uma posição unificada da França no cenário internacional. Atualmente, a coalizão de extrema direita e esquerda tem opiniões divergentes das de Macron nessas questões, o que pode gerar conflitos caso o poder seja compartilhado. Segundo Garrigues, a Constituição estabelece que, embora o presidente seja o comandante das Forças Armadas, o controle destas cabe ao primeiro-ministro.
Jordan Bardella, líder da extrema-direita, pode se tornar primeiro-ministro se seu partido conquistar a maioria das cadeiras. Bardella pretende respeitar a Constituição e o Presidente, mas manterá suas políticas com firmeza. Ele afirmou que irá impedir que tropas francesas vão para a Ucrânia e não enviará mísseis de longo alcance ou outras armas que possam atingir alvos na Rússia.
Se nenhum partido tiver maioria, o presidente pode escolher um primeiro-ministro do partido com mais assentos na Assembleia Nacional. No entanto, o Rally Nacional afirmou que se oporia a isso, pois poderia resultar em um voto de desconfiança caso outros partidos se unissem. O presidente poderia tentar formar uma ampla coalizão de esquerda a direita, mas isso é pouco provável devido às diferenças políticas.
Uma alternativa é nomear um grupo de especialistas independentes de partidos políticos para administrar o governo. Este grupo precisaria da aprovação da maioria na Assembleia Nacional e provavelmente se concentraria em tarefas diárias em vez de grandes mudanças. As discussões políticas podem ser prolongadas, especialmente durante as férias de verão e as Olimpíadas de Paris, de 26 de julho a 11 de agosto. Durante esse período, o governo centrista de Macron pode continuar a lidar com as questões atuais.
Especialista em direito público, Melody Mock-Gruet acredita que a Constituição da 5ª República pode lidar com esses desafios. As instituições são robustas, mesmo em situações difíceis. No entanto, não está claro como o público irá reagir.
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