Eleição surpresa na França: Macron pode perder influência global

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Por Ana Silva
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Bandeira da França sobre globo fraturado e assentos parlamentares.

São PauloO presidente da França anunciou uma eleição inesperada, o que pode impactar sua influência em questões internacionais.

Existem duas possíveis desfechos para esta eleição:

  • Um parlamento fragmentado com um primeiro-ministro fraco.
  • A extrema direita alcança uma vitória histórica com Jordan Bardella como primeiro-ministro.

Se o parlamento estiver dividido, poderá focar mais em questões internas. Macron continuaria como chefe das forças armadas. No entanto, a França poderia reduzir sua participação em assuntos globais. O primeiro-ministro não contestaria o controle de Macron sobre a defesa ou a política externa.

No segundo cenário, a situação se complica. Jordan Bardella, do partido de extrema-direita Reunião Nacional, pode se tornar primeiro-ministro. Bardella, muito próximo da líder do partido, Marine Le Pen, quer reduzir a influência de Macron em diversas áreas, especialmente na defesa e nas relações exteriores.

A Constituição Francesa oferece pouca orientação em casos como esses. Especialistas franceses afirmam que os resultados podem depender muito da capacidade das pessoas de encontrar um consenso.

Bardella não quer enviar armas de longo alcance para a Ucrânia nem tropas francesas para a região. Embora Macron tenha considerado essas ações este ano, Bardella e seu partido, que mantém fortes laços com a Rússia, preferem evitar um confronto direto com os russos.

François Heisbourg, especialista francês em defesa, afirma que é difícil saber quem tomaria a decisão final. O presidente e o primeiro-ministro podem acabar se impedindo mutuamente. Dividir o poder não é novidade na França, mas Macron e Bardella divergem intensamente mais do que em outras situações anteriores.

Michel Olhagaray, um vice-almirante aposentado, afirma que isso pode ser difícil para as Forças Armadas. Os soldados podem ficar sem saber a quem obedecer. O presidente não pode iniciar ações militares sem a aprovação do primeiro-ministro. As atividades militares da França ao redor do mundo podem ser avaliadas por seus aliados e surgem dúvidas sobre a capacidade da França de cumprir suas promessas.

Apesar desses problemas, especialistas acreditam que as armas nucleares da França continuarão sob controle. O presidente possui os códigos nucleares e toma as decisões de forma autônoma.

Caso nenhum partido obtenha uma maioria clara, diferentes partidos podem formar um governo de coalizão. Nesse cenário, o primeiro-ministro precisaria de um amplo apoio no parlamento, o que poderia reduzir seu poder ao compartilhar decisões com Macron. O General aposentado Dominique Trinquand acredita que isso daria mais controle a Macron.

Formar uma coalizão pode retardar decisões em questões difíceis, como aumentar a ajuda à Ucrânia. Desentendimentos dentro do governo podem resultar em atrasos.

Frédéric Charillon, professor de ciência política, explica que a França está acostumada a um sistema onde o presidente toma decisões rápidas. No entanto, com a chegada de um novo primeiro-ministro compartilhando o poder, isso mudará, e a concordância com outras pessoas se tornará muito importante.

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