Prevendo a velocidade do declínio cognitivo no início do Alzheimer

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Por João Silva
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Ilustração do cérebro com vias cognitivas desvanecendo e tratamentos.

São PauloUm novo estudo investigou a velocidade com que pessoas com Alzheimer inicial podem perder capacidades de memória e raciocínio. Os resultados foram publicados na edição de 10 de julho de 2024 da Neurology. A pesquisa também analisou se medicamentos recém-aprovados para Alzheimer podem retardar esse declínio.

Pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Amsterdã, liderados pelo Dr. Pieter J. van der Veere, desenvolveram modelos para prever o declínio cognitivo. Eles testaram esses modelos com dados de 961 pessoas, com idade média de 65 anos. Entre os participantes, 310 tinham comprometimento cognitivo leve e 651 apresentavam demência leve. Todos possuíam placas de amiloide-beta no cérebro, que são sinais precoces da doença de Alzheimer e foco de novos tratamentos.

Principais descobertas do estudo:

  • Tamanho da amostra: 961 participantes
  • Idade média: 65 anos
  • Condições: Comprometimento cognitivo leve (310) e demência leve (651)
  • Medição: Pontuações em testes cognitivos variando de 0 a 30

Os resultados dos testes ajudam a classificar a gravidade da demência. As pontuações variam de 0 a 30, com as seguintes categorias:

  • 25 ou mais: Sem demência
  • 21 a 24: Demência leve
  • 10 a 20: Demência moderada
  • Menos de 10: Demência grave

No estudo, pessoas com problemas cognitivos leves tiveram uma queda nas suas pontuações de 26,4 para 21,0 ao longo de cinco anos. Aqueles com demência leve apresentaram um declínio mais acentuado, de 22,4 para 7,8 no mesmo período. Os modelos usados para prever esses declínios foram relativamente precisos, mas apresentaram algumas variações. Para metade das pessoas com problemas cognitivos leves, as pontuações previstas e reais estavam dentro de dois pontos de diferença. Para aqueles com demência leve, a diferença foi de até três pontos para metade dos participantes.

Uma pessoa com comprometimento cognitivo leve, começando com uma pontuação de 28, pode esperar atingir demência moderada (pontuação de 20) em seis anos. Com um medicamento que desacelera o declínio em 30%, pode levar 8,6 anos para alcançar esse estágio. Outro exemplo mostra que alguém com demência leve começando com uma pontuação de 21 pode cair para uma pontuação de 15 em 2,3 anos, ou em 3,3 anos se usar o tratamento.

O estudo visa ajudar as pessoas a compreender como o Alzheimer avança. Dr. van der Veere mencionou que pacientes e seus cuidadores frequentemente perguntam por quanto tempo poderão realizar tarefas cotidianas, como dirigir ou aproveitar hobbies. Embora os modelos ofereçam insights úteis, ainda não são suficientemente avançados para prever o impacto em atividades diárias específicas.

Uma das limitações do estudo foi a realização dos testes cognitivos em horários diferentes. Os resultados podem ser piores se os testes forem feitos mais tarde, quando os participantes estão cansados. Apesar desse problema, os modelos continuam a oferecer previsões valiosas que podem ajudar os médicos a dar conselhos mais precisos aos pacientes e suas famílias.

A pesquisa foi financiada por Eisai, ZonMW e Health Holland, Setor de Excelência em Ciências da Vida e Saúde.

Este estudo é de grande relevância. Ele nos auxilia a prever a evolução da doença de Alzheimer e a entender como os tratamentos podem influenciar seu progresso. Com isso, as famílias ganham mais tempo para se planejar e se adaptar, o que faz uma enorme diferença em suas vidas.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1212/WNL.0000000000209605

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Pieter J. van der Veere, Jeroen Hoogland, Leonie N.C. Visser, Argonde C. Van Harten, Hanneke F. Rhodius-Meester, Sietske A.M. Sikkes, Vikram Venkatraghavan, Frederik Barkhof, Charlotte E. Teunissen, Elsmarieke van de Giessen, Johannes Berkhof, Wiesje M. Van Der Flier. Predicting Cognitive Decline in Amyloid-Positive Patients With Mild Cognitive Impairment or Mild Dementia. Neurology, 2024; 103 (3) DOI: 10.1212/WNL.0000000000209605
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