Novo estudo: aves marinhas seguem ciclones tropicais para se alimentar, revela Current Biology

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Por Ana Silva
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Freiras-do-bugio voando perto de ciclone tropical sobre o oceano.

São PauloUm estudo recente publicado na Current Biology revela que os Petreis-das-Desertas, aves marinhas do Atlântico Norte, seguem ciclones tropicais durante a temporada de furacões. Esse comportamento é incomum para aves que vivem distante da costa.

Principais descobertas do estudo incluem:

  • Um terço dos petréis-das-desertas seguiu ciclones por vários dias
  • Os pássaros diminuíram a velocidade durante ventos fortes
  • As esteiras das tempestades proporcionaram condições de vento favoráveis
  • Não houve registros de danos às aves provocados pelas tempestades
  • Não foi observado abandono de ninhos

Aves Raras no Atlântico

Os Petreis-das-Desertas nidificam na Ilha do Bugio, próxima ao norte da África. Existem menos de 200 pares dessas aves, e elas possuem uma área de reprodução única em um planalto cercado por penhascos. Durante a temporada de reprodução, que dura seis meses, fazem longas viagens em busca de alimentos, chegando a percorrer até 12.000 km pelo Atlântico.

Os pássaros parecem saber usar os padrões de vento sobre o Atlântico Norte. Caroline Ummenhofer, cientista do WHOI, disse que quando compararam as rotas de alimentação das aves com os dados de vento, encontraram uma forte correlação.

À noite, os petrels caçam pequenos peixes, lulas e crustáceos que se aproximam da superfície. Segundo Philip Richardson do WHOI, os ciclones misturam a água na camada superior do oceano, trazendo água mais fria e profunda para a superfície. Essa mistura aumenta a concentração de clorofila na superfície e diminui a temperatura do mar, facilitando a busca por alimentos pelos petrels.

Ventura percebeu que as aves voavam mais devagar para evitar lesões nas asas devido aos ventos fortes. Os trajetos das tempestades ofereciam melhor suporte de vento em comparação com outras rotas. Notavelmente, nenhuma das aves monitoradas foi prejudicada ou abandonou seus ninhos.

Ummenhofer mencionou que isso demonstra a resistência e adaptabilidade dessas aves marinhas em condições climáticas adversas. Além disso, altera nossa percepção sobre furacões, revelando que eles podem ajudar as aves marinhas a encontrar alimento, ao trazer presas das profundezas do oceano para a superfície.

Ciclones perturbam a vida costeira e marinha, mas seu impacto em criaturas de mar aberto não é bem compreendido. Este estudo revela como predadores de topo, como os Petris das Desertas, aproveitam as mudanças no oceano causadas pelos ciclones a seu favor.

A pesquisa foi financiada pelo Programa de Bolsas de Pós-Doutorado da WHOI, pelo Fundo John E. Sawyer, pelo Fundo de Doações John H. Steele e pela Fundação Andrew W. Mellon para Pesquisa Inovadora na WHOI.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1016/j.cub.2024.06.022

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Francesco Ventura, Neele Sander, Paulo Catry, Ewan Wakefield, Federico De Pascalis, Philip L. Richardson, José Pedro Granadeiro, Mónica C. Silva, Caroline C. Ummenhofer. Oceanic seabirds chase tropical cyclones. Current Biology, 2024; DOI: 10.1016/j.cub.2024.06.022
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