Novo estudo: doomscrolling pode desencadear uma crise existencial?

Tempo de leitura: 2 minutos
Por Ana Silva
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Rolando a tela do smartphone na escuridão, ansiedade com manchetes sombrias girando.

São PauloPesquisadores da Universidade Flinders realizaram o primeiro estudo sobre o impacto de consumir notícias negativas nas redes sociais na nossa percepção da vida e das pessoas. O termo "doomscrolling" refere-se ao hábito de ficar rolando incessantemente por notícias tristes e alarmantes online. Esta prática pode se tornar viciante e prejudicar a saúde mental.

Pesquisadores da Faculdade de Educação, Psicologia e Serviço Social entrevistaram 800 estudantes universitários do Irã e dos Estados Unidos. O objetivo era entender como as notícias negativas nas redes sociais afetam os pensamentos e sentimentos sobre a vida. Os estudantes foram questionados sobre seus hábitos de ler notícias ruins, sentimentos de ansiedade sobre sua existência, crenças na justiça do mundo e sentimentos gerais sobre a humanidade.

Principais Conclusões do Estudo:

  • Doomscrolling está associado à ansiedade existencial tanto em estudantes iranianos quanto americanos.
  • É um forte preditor de misantropia (aversão às pessoas) entre estudantes iranianos.
  • A exposição constante a notícias negativas ameaça crenças sobre mortalidade e controle da vida.
  • O consumo de notícias negativas impacta a visão sobre a humanidade e o mundo.

Reza Shabahang, o autor principal, afirma que rolar por notícias ruins pode nos deixar estressados, ansiosos e sem esperança. Isso também pode nos fazer questionar o sentido da vida. Ver notícias perturbadoras pode provocar efeitos psicológicos semelhantes aos de vivenciar o evento em si. Sintomas como ansiedade e desesperança, similares aos do TEPT, têm sido observados.

Pesquisas recentes indicam que precisamos reavaliar nosso comportamento online. As redes sociais afetam significativamente nossa saúde mental. Passar muito tempo nelas pode gerar pensamentos negativos sobre as pessoas e o mundo ao nosso redor. Shabahang recomenda fazer pausas regulares no uso das redes sociais. É crucial estar ciente de quanto tempo passamos nessas plataformas e como o conteúdo afeta nossas emoções.

É interessante como o doomscrolling afeta pessoas de diferentes culturas de maneiras diversas. Por exemplo, o doomscrolling gerou mais desconfiança e aversão aos outros no grupo iraniano em comparação ao grupo americano. Será que a forma como pessoas em sociedades coletivistas versus individualistas lidam com notícias ruins pode explicar essa diferença? Estas são questões que precisam de mais estudo.

Estudo destaca importância de reduzir tempo gasto em redes sociais para bem-estar mental. Algumas ações práticas recomendadas são:

  • Monitore o tempo que você passa nas redes sociais.
  • Evite consumir notícias negativas em excesso.
  • Faça pausas regulares, afastando-se do mundo digital.
  • Participe de atividades positivas e inspiradoras online.

Preste mais atenção ao que você faz online e faça pequenas mudanças para seu próprio benefício. Este estudo sugere repensar o uso das redes sociais para proteger seu bem-estar emocional.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1016/j.chbr.2024.100438

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Reza Shabahang, Hyeyeon Hwang, Emma F. Thomas, Mara S. Aruguete, Lynn E. McCutcheon, Gábor Orosz, Abbas Ali Hossein Khanzadeh, Benyamin Mokhtari Chirani, Ágnes Zsila. Doomscrolling evokes existential anxiety and fosters pessimism about human nature? Evidence from Iran and the United States. Computers in Human Behavior Reports, 2024; 15: 100438 DOI: 10.1016/j.chbr.2024.100438
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