Estudo comparativo de corações de grandes primatas revela segredos da evolução humana

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Por Ana Silva
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Corações de macaco e humano lado a lado mostrando diferenças.

São PauloPesquisadores da UBC Okanagan e da Swansea University investigaram os corações dos grandes símios para entender melhor a evolução humana. Eles compararam os corações de humanos com os de chimpanzés, orangotangos, gorilas e bonobos. O estudo, publicado na revista Communications Biology da Nature, utilizou ecocardiografia para capturar imagens do ventrículo esquerdo nesses símios.

A estrutura do coração apresentou diferenças marcantes.

Os corações humanos têm músculos mais compactos e lisos. Já os grandes primatas não-humanos apresentam uma maior trabeculação, que é a rede semelhante a uma malha no coração. A parte inferior do coração, ou ápice, dos primatas não-humanos mostra cerca de quatro vezes mais trabeculação.

Pesquisadores examinaram como o coração muda de forma e se movimenta utilizando uma técnica chamada ecocardiografia com rastreamento de manchas. Descobriram que corações com menos sulcos internos, como os humanos, funcionavam melhor. Isso sugere que o coração humano provavelmente evoluiu para suportar mais atividade.

Os seres humanos são mais ativos e possuem cérebros maiores do que outros grandes primatas, o que resulta em uma necessidade maior de energia. Seus corações conseguem bombear mais sangue, auxiliando no resfriamento do corpo. Os vasos sanguíneos próximos à pele se dilatam, fazendo a pele corar e liberar calor.

Dr. Robert Shave, da UBCO, afirmou que o coração humano provavelmente evoluiu ao longo do tempo para enfrentar os desafios de andar sobre duas pernas e lidar com o calor. O estudo também revela como o coração humano é distinto do coração dos nossos parentes mais próximos, que compartilham mais de 98% do DNA conosco.

A equipe coletou dados de grandes primatas não humanos em santuários de vida selvagem na África e zoológicos na Europa, utilizando técnicas de ultrassom cardíaco durante exames veterinários de rotina.

Bryony Curry, doutoranda na Escola de Ciências da Saúde e Exercício da UBCO, explicou que a estrutura do coração humano pode ter mudado consideravelmente para atender às nossas necessidades ambientais. Ela também mencionou que os corações dos macacos não humanos, que são mais complexos, podem estar adaptados aos seus habitats florestais.

O estudo amplia nossa compreensão sobre a evolução humana ao mostrar como nossos corações podem ter mudado ao longo do tempo. No entanto, ainda não sabemos como a estrutura cardíaca dos primatas não-humanos se adapta às suas necessidades ambientais. Mais pesquisas são necessárias nessa área.

Os resultados mostram como o coração humano evoluiu para lidar com longos períodos de atividade física e regular o calor corporal. Esta pesquisa ajuda a esclarecer as diferenças físicas entre humanos e outros grandes primatas.

A pesquisa revela como as mudanças na estrutura do coração estão ligadas a diferentes necessidades. Ela nos ajuda a entender quais adaptações são necessárias para diferentes estilos de vida e ambientes. A evolução do coração humano está intimamente relacionada ao nosso andar ereto e ao aumento do tamanho do cérebro.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s42003-024-06280-9

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Bryony A. Curry, Aimee L. Drane, Rebeca Atencia, Yedra Feltrer, Thalita Calvi, Ellie L. Milnes, Sophie Moittié, Annika Weigold, Tobias Knauf-Witzens, Arga Sawung Kusuma, Glyn Howatson, Christopher Palmer, Mike R. Stembridge, John E. Gorzynski, Neil D. Eves, Tony G. Dawkins, Rob E. Shave. Left ventricular trabeculation in Hominidae: divergence of the human cardiac phenotype. Communications Biology, 2024; 7 (1) DOI: 10.1038/s42003-024-06280-9
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