Riscos da mineração limpa: estudo revela ameaça a milhares de aves e peixes

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Por João Silva
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Aves e peixes ameaçados pela mineração de energia limpa.

São PauloPesquisas recentes revelam que 4.642 tipos de vertebrados estão ameaçados por causa da extração mineral, como a mineração e a perfuração de petróleo e gás. Essas atividades ocorrem em áreas com muitas espécies e habitats únicos. O risco é especialmente alto na mineração de materiais necessários para a energia limpa, como lítio e cobalto, essenciais para a fabricação de painéis solares, turbinas eólicas e carros elétricos.

Habitats de água doce enfrentam o maior risco. As seguintes espécies de vertebrados são particularmente afetadas:

  • Peixes: 2.053 espécies
  • Répteis e anfíbios: Múltiplas espécies
  • Aves e mamíferos: Muitas espécies

A extração de calcário para produção de cimento é perigosa, pois pode devastar ecossistemas ao remover encostas. Isso ameaça espécies como o Lagarto-de-Cauda-Entalhada na Malásia, que vive exclusivamente em uma cadeia montanhosa que corre o risco de ser destruída por atividades de mineração planejadas.

Professor David Edwards, da Universidade de Cambridge, afirma que a mineração é necessária para obtermos energia limpa. Muitas áreas de mineração abrigam diversas plantas e animais. Ele sugere reduzir a poluição gerada pela mineração para proteger essas espécies. A poluição da mineração pode impactar espécies em regiões distantes, contaminando a água e causando desmatamento.

Ieuan Lamb, da Universidade de Sheffield, explica que a exploração de calcário prejudica espécies que vivem em habitats específicos. A mineração de cimento pode destruir ecossistemas inteiros em regiões calcárias.

Utilizando dados da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), cientistas mapearam onde vivem diferentes espécies de vertebrados para identificar quais tipos de mineração são mais perigosos. Descobriram que a mineração representa uma ameaça maior às espécies vulneráveis, em perigo ou criticamente em perigo em comparação com as espécies menos ameaçadas. A mineração pode poluir vastas áreas de rios e planícies aluviais, alterando o fluxo das águas e impactando os habitats.

A mineração prejudica os animais em áreas tropicais como os Andes, África Ocidental e Central, e Sudeste Asiático, onde há muitas minas. Em Gana, a mineração de ouro em pequena escala contamina habitats de aves com mercúrio. A indústria de mineração está crescendo para atender à demanda global, causando mais ameaças. Em 2022, a receita da indústria foi de cerca de USD 943 bilhões.

Perda de biodiversidade afeta os níveis de carbono, essenciais no combate às mudanças climáticas. O estudo focou principalmente em vertebrados, mas plantas e invertebrados provavelmente também correm risco. O Professor Edwards afirma que esta pesquisa é apenas o começo, buscando prevenir a perda de biodiversidade à medida que a mineração aumenta. Políticas futuras devem incentivar mais reciclagem e reutilização para reduzir a necessidade de novas extrações. Lamb acrescenta que a mineração deve ser priorizada em áreas com menor biodiversidade para proteger regiões sensíveis.

A transição para energia limpa ameaça a natureza, especialmente as espécies de água doce. É essencial reduzir a poluição causada pela mineração e selecionar locais mais apropriados para essa atividade. Incentivar a reciclagem e o reuso também pode diminuir a necessidade de novas extrações.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1016/j.cub.2024.06.077

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Ieuan P. Lamb, Michael R. Massam, Simon C. Mills, Robert G. Bryant, David P. Edwards. Global threats of extractive industries to vertebrate biodiversity. Current Biology, 2024; DOI: 10.1016/j.cub.2024.06.077
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