Parus selvagens demonstram memórias espetaculares para forrageamento eficiente, revela estudo da Current Biology

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Por João Silva
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Chapim selvagem no galho segurando um inseto no bico.

São PauloTits cianos e chapins têm habilidades impressionantes de memória na natureza. Um estudo recente feito por pesquisadores da Universidade de Cambridge e da Universidade de East Anglia descobriu que essas aves conseguem lembrar:

  • O que comeram
  • Onde encontraram a comida
  • Quando a descobriram

Cientistas realizam estudo inovador com chapins reais e chapins-azuis. Os resultados foram publicados na revista Current Biology.

A pesquisa envolveu 94 aves, incluindo chapins-azuis e grandes. Cada pássaro tinha uma etiqueta especial na perna que se comunicava com os recipientes de alimento, os quais utilizavam um software para fornecer uma experiência única para cada ave.

As aves usaram poleiros especiais para que suas etiquetas fossem lidas. Se elas passassem no experimento dentro do tempo, recebiam comida; se não passassem, não havia comida. Este experimento testava a memória das aves. Enquanto pesquisas anteriores focavam em aves maiores como corvídeos, este novo estudo mostra que aves menores também possuem habilidades de memória impressionantes.

James Davies, do Laboratório de Cognição Comparativa de Cambridge, explicou que este estudo é o primeiro a demonstrar que aves selvagens como o chapim-azul e o chapim-real possuem um sistema de memória flexível, o que pode ajudar na adaptação a ambientes em mudança.

Em outro teste, as aves precisavam se lembrar de detalhes para encontrar comida. Elas se saíram bem nesses testes de memória, mesmo estando na natureza. Isso era difícil porque as aves podiam voar para longe e decidir não participar.

Pássaros Desafiam a Memória na Natureza

A cientista Gabrielle Davidson, da Universidade de East Anglia, observou que as aves se comportavam normalmente em seus habitats habituais. Isso tornou os resultados mais confiáveis. As aves demonstraram capacidade de lembrar eventos específicos do passado, uma habilidade que muitos acreditavam ser exclusiva dos seres humanos.

Nicola Clayton, professora da Universidade de Cambridge, descobriu que as aves podem se lembrar de eventos passados através de dois testes distintos. Ela começou este estudo na década de 1990, e seus primeiros resultados com gralhas-americanas mostraram que essa habilidade de memória não é exclusiva dos seres humanos. Estudos posteriores indicam que muitas espécies não-humanas também possuem essa capacidade.

O estudo sugere que alimentar pássaros no jardim pode impactar o desenvolvimento das suas habilidades de memória. As aves podem estar aprendendo e se lembrando de quando os alimentadores são reabastecidos. Essa hipótese ainda precisa de mais pesquisas.

A pesquisa pode ajudar os pássaros a se adaptarem às mudanças climáticas. Uma memória flexível permite que eles respondam a novas situações e utilizem conhecimentos adquiridos anteriormente. Isso é útil para lidar com mudanças na disponibilidade de alimentos, como o período de maturação das frutas ou o surgimento de lagartas.

Para avaliar a memória das aves, a equipe de pesquisa usou comedouros que distribuíam sementes de girassol e pedaços de amendoim em horários diferentes. As aves aprenderam qual comedouro oferecia qual alimento e em que momento, o que as ajudou a decidir onde ir sem precisar verificar constantemente os comedouros.

Jovens aves têm uma melhor capacidade de lembrar pistas visuais para encontrar alimento. Enquanto a maioria das aves se saiu bem no teste de 'onde', os jovens aves tiveram um desempenho superior no teste de 'quais', utilizando sinais visuais como cores e padrões. Isso pode ocorrer porque os jovens precisam ser mais criativos, já que os adultos dominam as fontes de alimento.

Uso de Informações Geográficas pelos Pássaros Aumenta com a Idade

James Davies observou que os pássaros mais velhos tendem a utilizar mais informações de localização à medida que envelhecem. O próximo passo é verificar se pássaros com melhor memória têm mais descendentes. Se isso for comprovado, é possível que suas memórias melhorem ao longo do tempo devido aos desafios ambientais.

A Universidade de Cambridge, o Isaac Newton Trust e a Leverhulme Early Career Fellowship foram os responsáveis pelo financiamento do estudo.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1016/j.cub.2024.06.029

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

James R. Davies, Lasse S. Keuneke, Nicola S. Clayton, Gabrielle L. Davidson. Episodic-like memory in wild free-living blue tits and great tits. Current Biology, 2024; DOI: 10.1016/j.cub.2024.06.029
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