Quais linhagens de tuberculose se transmitem mais facilmente?

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Por Alex Morales
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Cepa de bactérias da tuberculose sob um microscópio com rótulos

São PauloUm novo estudo revela que certos tipos de tuberculose (TB) se espalham mais facilmente quando as bactérias e a pessoa infectada são da mesma região. Cientistas da Harvard Medical School descobriram uma forte conexão entre o patógeno, seu local de origem e o hospedeiro humano. Essa descoberta sugere que as bactérias da TB e os seres humanos têm evoluído juntos ao longo do tempo.

Principais Descobertas da Pesquisa sobre Tuberculose

  • Contatos domiciliares próximos expostos a cepas de tuberculose de linhagem geográfica restrita tiveram uma taxa de infecção 14% menor.
  • A exposição a linhagens disseminadas aumentou em 45% a probabilidade de desenvolver a doença ativa de tuberculose.
  • Cepas com alcance geográfico limitado têm maior probabilidade de infectar pessoas com herança da mesma região.

O estudo analisou casos de tuberculose em Nova York, Amsterdã e Hamburgo. Pesquisadores utilizaram prontuários e modelos avançados para descobrir que pessoas da mesma área geográfica da cepa de tuberculose tinham maior probabilidade de ser infectadas. O risco de infecção diminuía em 38% se a pessoa não fosse da área nativa da cepa.

A quantidade de bactérias geralmente é um bom indicador de como a tuberculose se espalha. Porém, o estudo mostrou que estar na mesma área é um indicador ainda mais forte. Isso significa que características específicas tanto da pessoa quanto da bactéria desempenham um papel na disseminação da TB. Esta descoberta é importante porque é mais influente do que outros fatores, como o diabetes.

Pesquisadores utilizaram sequenciamento genético para identificar as diferenças entre cepas de tuberculose. Algumas cepas são encontradas em todo o mundo, enquanto outras estão restritas a determinadas regiões. Estudos anteriores indicaram que certas cepas podem desenvolver resistência a medicamentos com mais facilidade ou responder de maneira distinta às vacinas. Compreender essas variações pode ajudar na criação de tratamentos e métodos de prevenção mais eficazes.

O estudo utilizou macrófagos de doadores humanos de diferentes regiões. Células de pessoas com a mesma ancestralidade geográfica tinham maior probabilidade de serem infectadas por TB. Experimentos anteriores geralmente não comparavam diferentes células hospedeiras dessa maneira, tornando essas descobertas inéditas.

O sequenciamento completo do genoma tornou mais fácil estudar as cepas de TB e entender como elas evoluem ao longo do tempo. Pesquisas indicam que algumas cepas podem sofrer mudanças que as tornam mais propensas a infectar grupos específicos de pessoas.

Pesquisadores colaboraram com departamentos de saúde pública dos EUA, dos Países Baixos e da Alemanha para criar um vasto banco de dados. Este banco continha informações sobre 5.256 casos de tuberculose e 28.889 contatos próximos, incluindo detalhes demográficos e sociais. Essa abordagem permitiu à equipe estudar de forma mais eficaz a transmissão da tuberculose e as interações entre humanos e patógenos.

Novas descobertas mostram que compreender a variedade de cepas de tuberculose é crucial. É necessário considerar essa diversidade ao desenvolver medicamentos, vacinas e planos de saúde. Mais pesquisas são essenciais para explorar as diferenças genéticas e estruturais entre as cepas de tuberculose e os seres humanos. Aprender sobre essas variações nos ajudará a combater essa doença perigosa de forma mais eficaz.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41564-024-01758-y

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Matthias I. Gröschel, Francy J. Pérez-Llanos, Roland Diel, Roger Vargas, Vincent Escuyer, Kimberlee Musser, Lisa Trieu, Jeanne Sullivan Meissner, Jillian Knorr, Don Klinkenberg, Peter Kouw, Susanne Homolka, Wojciech Samek, Barun Mathema, Dick van Soolingen, Stefan Niemann, Shama Desai Ahuja, Maha R. Farhat. Differential rates of Mycobacterium tuberculosis transmission associate with host–pathogen sympatry. Nature Microbiology, 2024; DOI: 10.1038/s41564-024-01758-y
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