Nova pesquisa: mamutes-lanosos enfrentaram endogamia, mas não extinção inevitável em Wrangel

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Por João Silva
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Mamutes lanosos na nevada Ilha de Wrangel ao entardecer.

São PauloOs últimos mamutes-lanosos viveram na Ilha de Wrangel, perto da Sibéria, há cerca de 10.000 anos. A ilha se separou do continente devido ao aumento do nível do mar, criando uma população pequena e única. Essa população começou com não mais do que oito mamutes. Com o tempo, o grupo aumentou para 200-300 mamutes em aproximadamente 20 gerações e persistiu por 6.000 anos.

Um estudo recente publicado na revista Cell revelou que apesar dos mamutes terem passado por endogamia e apresentarem baixa diversidade genética, isso não foi a principal causa de sua extinção. O principal pesquisador do estudo, Love Dalén, especialista em genética evolutiva no Centro de Paleogenética, sugere que a extinção dos mamutes foi provavelmente desencadeada por um evento aleatório, ao invés de problemas genéticos. Entre os principais achados do estudo estão:

  • Os mamutes da Ilha Wrangel exibiram sinais de consanguinidade e baixa diversidade genética.
  • Eles se originaram de um pequeno grupo, mas cresceram constantemente ao longo de 20 gerações.
  • A diversidade genética permaneceu baixa, mas estável, ao longo de 6.000 anos.
  • As mutações prejudiciais foram eliminadas gradualmente, porém, mutações levemente prejudiciais se acumularam com o tempo.

A equipe de pesquisa analisou o DNA de 21 mamutes-lanosos. Quatorze deles vieram da Ilha de Wrangel, e sete eram de mamutes que viviam no continente antes de ficarem isolados. Essas amostras cobrem os últimos 50.000 anos de sua história, proporcionando uma visão completa de como seus genes evoluíram ao longo do tempo.

Os genomas dos mamutes da ilha exibiram menor diversidade nos genes necessários para a resposta imunológica, em comparação com seus parentes do continente. Apesar desse problema genético, a população de mamutes da Ilha de Wrangel manteve-se relativamente estável até que, repentinamente, foi extinta.

Marianne Dehasque, autora principal do estudo, afirmou que a pesquisa pode auxiliar na proteção de espécies ameaçadas. Ela explicou que estudar os mamutes revela o que ocorre nos genes quando a população de uma espécie diminui drasticamente. Essa informação é crucial para a gestão das espécies ameaçadas atualmente.

O estudo revelou que a diversidade genética da população de mamutes diminuiu gradualmente ao longo do tempo, indicando que seu tamanho populacional permaneceu estável até a extinção. As mutações prejudiciais desapareceram, mas as menos prejudiciais se acumularam, levando eventualmente à extinção da espécie.

O estudo mostrou que o monitoramento genético é essencial em programas de conservação. Apenas aumentar o número de animais não é suficiente. Checagens genéticas contínuas são necessárias, pois problemas genéticos podem durar milhares de anos. Dehasque ressaltou que, para evitar a extinção, precisamos continuar verificando a genética das populações mesmo após o aumento de seus números.

Este estudo sobre o DNA do mamute-lanoso fornece informações valiosas sobre as mudanças em suas populações e pode contribuir para os esforços de conservação atuais. A extinção dos mamutes na Ilha Wrangel destaca a importância de manter a diversidade genética e monitorar regularmente as espécies.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1016/j.cell.2024.05.033

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Marianne Dehasque, Hernán E. Morales, David Díez-del-Molino, Patrícia Pečnerová, J. Camilo Chacón-Duque, Foteini Kanellidou, Héloïse Muller, Valerii Plotnikov, Albert Protopopov, Alexei Tikhonov, Pavel Nikolskiy, Gleb K. Danilov, Maddalena Giannì, Laura van der Sluis, Tom Higham, Peter D. Heintzman, Nikolay Oskolkov, M. Thomas P. Gilbert, Anders Götherström, Tom van der Valk, Sergey Vartanyan, Love Dalén. Temporal dynamics of woolly mammoth genome erosion prior to extinction. Cell, 2024; DOI: 10.1016/j.cell.2024.05.033
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