Novo estudo desvenda a história genética da domesticação de raposas no Canadá

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Por Alex Morales
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Raposas com diagramas genéticos e fundos de paisagens antigas

São PauloUm estudo recente da Universidade de Illinois Urbana-Champaign revela a história genética das raposas vermelhas que foram domesticadas. Essas raposas começaram a ser criadas em cativeiro em 1896, na Ilha do Príncipe Eduardo, no Canadá. Os pesquisadores rastrearam a trajetória desde o início até as populações atuais de raposas domesticadas no mundo inteiro.

Halie Rando e sua equipe investigaram registros antigos, dados genéticos de raposas selvagens e amostras de raposas em cativeiro na América do Norte e na Eurásia. O objetivo era entender como as raposas se tornaram domesticadas e como a genética delas mudou ao longo do tempo e em diferentes localidades.

Pontos principais do estudo:

  • O estudo analisou dados de DNA mitocondrial de populações de raposas selvagens e cativas.
  • Registros históricos do comércio intercontinental de raposas foram examinados.
  • Fazendas de raposas prosperaram devido à demanda pela variante prateada de raposas vermelhas.

Os criadores de raposas enfrentaram muitas dificuldades inicialmente. As raposas selvagens eram difíceis de reproduzir em cativeiro, pois ficavam estressadas e acabavam morrendo ou matando seus filhotes. Com o tempo, eles selecionaram as raposas que se adaptavam melhor ao ambiente de fazenda. Além disso, conseguiram criar raposas com pelagem prateada, mesmo sem entender nada sobre genética.

Testes genéticos revelam que todas as raposas em cativeiro são originárias de raposas selvagens da América do Norte. Mesmo as raposas na Eurásia não possuem marcadores genéticos das raposas selvagens eurasiáticas. Isso indica que qualquer tentativa local de domesticar raposas na Eurásia foi interrompida ou substituída por genes norte-americanos.

O estudo também revelou:

  • Origem geográfica das raposas criadas em cativeiro ao redor do mundo.
  • O papel da diversidade genética no processo de domesticação.
  • Como as raposas de fazenda se misturaram com raposas nativas através de eventos de libertação.

A Segunda Guerra Mundial reduziu a demanda por pele de raposa na América do Norte, levando ao colapso da indústria. Entretanto, as fazendas de raposas na URSS se recuperaram devido ao apoio governamental. Isso proporcionou uma criação mais estável na Eurásia e aumentou a diversidade genética na região.

O experimento das raposas amigáveis

O estudo analisou o experimento das raposas na Rússia iniciado em 1959, no Instituto de Citologia e Genética de Novosibirsk. Cientistas criaram raposas que não tinham medo de humanos. Após várias gerações, eles conseguiram raposas tão amigáveis quanto cães.

O estudo revelou que as raposas russas não possuem genes especiais. Isso implica que raposas criadas em fazendas também podem se tornar dóceis. As raposas de Novosibirsk apresentavam grande diversidade genética graças ao manejo cuidadoso de sua reprodução.

Anna Kukekova destacou como o projeto de criação de raposas na Ilha do Príncipe Eduardo influenciou significativamente as populações atuais de raposas. Este projeto tem ajudado pesquisadores a entender a domesticação e a identificar genes relacionados ao comportamento dócil, uma questão sempre intrigante para a humanidade.

O estudo traz informações inéditas sobre a genética e a domesticação de raposas criadas em cativeiro. Os cientistas visam utilizar esse conhecimento para entender melhor os aspectos genéticos que influenciam a domesticação dos animais.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1093/jhered/esae022

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Halie M Rando, Emmarie P Alexander, Sophie Preckler-Quisquater, Cate B Quinn, Jeremy T Stutchman, Jennifer L Johnson, Estelle R Bastounes, Beata Horecka, Kristina L Black, Michael P Robson, Darya V Shepeleva, Yury E Herbeck, Anastasiya V Kharlamova, Lyudmila N Trut, Jonathan N Pauli, Benjamin N Sacks, Anna V Kukekova. Missing history of a modern domesticate: Historical demographics and genetic diversity in farm-bred red fox populations. Journal of Heredity, 2024; DOI: 10.1093/jhered/esae022
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