Estudo revela como fungo ataca morcegos e traz esperança contra a síndrome do nariz branco

Tempo de leitura: 2 minutos
Por Alex Morales
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Morcegos descansando em uma caverna com luz suave.

São PauloNos últimos 18 anos, um fungo conhecido como Pseudogymnoascus destructans tem causado grandes problemas para os morcegos na América do Norte. Este fungo provoca a síndrome do nariz branco, uma doença letal que afeta diversas espécies de morcegos. Apesar dos avanços científicos no estudo do fungo, ainda não se sabe como ele começa a infectar os morcegos.

Pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison, liderados por Bruce Klein e Marcos Isidoro-Ayza, fizeram descobertas significativas. Eles analisaram como um fungo invade e afeta as células da pele dos morcegos chamadas queratinócitos.

Principais Descobertas:

  • O fungo usa as células infectadas como refúgio seguro.
  • Ele impede que as células morram, o que ajuda a evitar o sistema imunológico do morcego.
  • A entrada nas células ocorre durante a torpor dos morcegos, um estado de atividade metabólica reduzida.

Klein e Isidoro-Ayza fizeram suas descobertas desenvolvendo a primeira linha celular a partir da pele de um morcego marrom. Eles também recriaram as condições de hibernação, variando as temperaturas corporais para observar o comportamento do fungo. Isso foi essencial, pois o fungo cresce bem no frio e persiste quando os morcegos aquecem.

Cientistas descobriram que um fungo utiliza o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) para invadir células. Este receptor também está envolvido em alguns tipos de câncer de pulmão, os quais são tratados com o medicamento gefitinibe. Curiosamente, bloquear o EGFR com gefitinibe interrompeu a infecção em morcegos. Esse remédio, aprovado pela FDA, pode futuramente ser capaz de tratar ou prevenir a síndrome do nariz branco.

Estratégias do Fungo para Sobreviver Durante a Atividade dos Morcegos:

O fungo possui táticas inteligentes para se manter ativo mesmo quando os morcegos estão em movimento:

  • Durante os períodos de vigília dos morcegos, o fungo induz as células a engoli-lo por meio da endocitose.
  • Os esporos do fungo são revestidos de melanina, o que os protege das defesas celulares.
  • O fungo impede a apoptose, evitando assim ser exposto às células do sistema imunológico.

A descoberta do estudo pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos e vacinas. A pesquisa recebeu um financiamento de US$ 2 milhões da Fundação Nacional de Ciência e da Fundação Família Paul G. Allen. A equipe de pesquisa colaborou com cientistas do Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA e do Centro Nacional de Saúde da Vida Selvagem do Serviço Geológico dos EUA.

Esta pesquisa é crucial para a preservação dos morcegos, que contribuem para a polinização e o controle de pragas. Além disso, nos ajuda a entender doenças fúngicas, um grande problema para várias espécies de plantas, sapos e répteis.

O trabalho dos pesquisadores é um passo importante para compreender e combater a síndrome do nariz branco. Pesquisas adicionais podem levar a formas de proteger morcegos e outros animais de fungos prejudiciais. Este estudo ressalta o valor da conservação da vida selvagem e a necessidade de financiamento e colaboração em pesquisas científicas.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1126/science.adn5606

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Marcos Isidoro-Ayza, Bruce S. Klein. Pathogenic strategies of Pseudogymnoascus destructans during torpor and arousal of hibernating bats. Science, 2024; 385 (6705): 194 DOI: 10.1126/science.adn5606
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