Nova terapia ataca e elimina células de glioblastoma em novo caminho cerebral descoberto

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Por Chi Silva
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Varredura cerebral destacando áreas afetadas por glioblastoma em vermelho.

São PauloCientistas fazem descoberta crucial no combate ao glioblastoma, o mais agressivo câncer cerebral. A equipe liderada pelo Laboratório Singh da Universidade McMaster, em colaboração com parceiros do Canadá e dos EUA, identificou uma nova via cerebral utilizada pelas células cancerígenas para se espalharem. O estudo, publicado na Nature Medicine, apresenta um tratamento promissor que ataca e elimina especificamente essas células cancerosas.

Tratamentos tradicionais como cirurgia, radioterapia e quimioterapia muitas vezes não conseguem eliminar completamente o glioblastoma. Os tumores costumam voltar, resultando em baixas taxas de sobrevivência. A nova pesquisa traz esperança ao identificar um novo método para impedir o crescimento do câncer.

Principais descobertas incluem a identificação de uma nova via cerebral que orienta axônios, a descoberta de uma proteína chamada ROBO1 que facilita a disseminação de células cancerosas, e o desenvolvimento de uma terapia com células CAR T para atacar a ROBO1.

Pesquisadores usaram edição gênica para estudar células cancerígenas tanto no momento do diagnóstico inicial quanto após o retorno da doença. Eles descobriram que o tumor se aproveita de vias de organização celular destinadas ao cérebro para se espalhar. Ao bloquear essas vias, os cientistas acreditam que podem impedir que o tumor continue a crescer.

O tratamento inovador utiliza células CAR T, que são alteradas para atacar especificamente uma proteína chamada ROBO1. Estas células são retiradas do próprio paciente, modificadas e reintroduzidas no organismo para destruir células cancerosas. Testes em animais mostraram bons resultados: em dois dos três tipos de câncer, o tratamento eliminou tumores em pelo menos metade dos casos.

O estudo analisou três tipos de cânceres cerebrais: glioblastoma em adultos, câncer de pulmão em adultos que se espalhou para o cérebro e meduloblastoma em crianças.

Em todos os três modelos, o tratamento dobrou o tempo de sobrevida dos pacientes. Este é um avanço significativo no combate ao câncer cerebral, especialmente para o glioblastoma recorrente. A terapia com células CAR T mostra-se promissora para pesquisas e testes futuros em humanos.

A pesquisa foi realizada em colaboração com diversos grupos: a Hamilton Health Sciences forneceu amostras de pacientes; o Princess Margaret Cancer Centre e a Universidade de Toronto cuidaram da descoberta proteômica; outros parceiros incluíram o National Research Council Canada, a Universidade da Virgínia e a Universidade de Pittsburgh. O financiamento foi obtido por meio do Brain Cancer Canada, Brain Tumour Foundation of Canada, Canadian Institutes of Health Research, U.S. National Institutes of Health, Mitacs e Terry Fox Research Institute.

Este estudo aponta que a colaboração entre diversas áreas e países é fundamental para avançar no combate ao câncer. A descoberta de uma nova via cerebral e o desenvolvimento da terapia de células CAR T são passos promissores no tratamento de cânceres cerebrais.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41591-024-03138-9

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Chirayu R. Chokshi, Muhammad Vaseem Shaikh, Benjamin Brakel, Martin A. Rossotti, David Tieu, William Maich, Alisha Anand, Shawn C. Chafe, Kui Zhai, Yujin Suk, Agata M. Kieliszek, Petar Miletic, Nicholas Mikolajewicz, David Chen, Jamie D. McNicol, Katherine Chan, Amy H. Y. Tong, Laura Kuhlmann, Lina Liu, Zahra Alizada, Daniel Mobilio, Nazanin Tatari, Neil Savage, Nikoo Aghaei, Shan Grewal, Anish Puri, Minomi Subapanditha, Dillon McKenna, Vladimir Ignatchenko, Joseph M. Salamoun, Jacek M. Kwiecien, Peter Wipf, Elizabeth R. Sharlow, John P. Provias, Jian-Qiang Lu, John S. Lazo, Thomas Kislinger, Yu Lu, Kevin R. Brown, Chitra Venugopal, Kevin A. Henry, Jason Moffat, Sheila K. Singh. Targeting axonal guidance dependencies in glioblastoma with ROBO1 CAR T cells. Nature Medicine, 2024; DOI: 10.1038/s41591-024-03138-9
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