Descobertas sísmicas revelam que Marte é bombardeado diariamente por meteoritos

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Por Chi Silva
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Meteoritos atingindo a superfície de Marte com ilustração de onda sísmica.

São PauloCientistas descobriram que Marte é atingido por meteoritos diariamente, com base em novos dados de um sismômetro. Uma equipe da ETH Zurich e do Imperial College London usou informações da Missão InSight da NASA para calcular quantos meteoritos impactam Marte. Eles descobriram que entre 280 e 360 meteoritos atingem o planeta a cada ano, criando crateras com mais de 8 metros de diâmetro. Esse número é cinco vezes maior do que o sugerido por imagens espaciais anteriores.

Registros sísmicos revelaram um novo tipo de terremoto chamado eventos de altíssima frequência (VF). Esses abalos ocorrem mais rapidamente do que os terremotos marcianos comuns devido à velocidade dos meteoritos que colidem com Marte. Enquanto os terremotos normais em Marte duram vários segundos, esses eventos VF têm duração de apenas 0,2 segundos ou menos. Pesquisadores descobriram mais 80 terremotos marcianos que acreditam ser resultantes de impactos de meteoroides.

Pontos chave da descoberta são:

  • Mars recebe em média um impacto de cratera de 8 metros por dia.
  • Aproximadamente 280 a 360 meteoritos atingem Marte anualmente.
  • Eventos VF duram menos de 0,2 segundos devido à velocidade dos impactos.
  • Imagens orbitais sozinhas subestimaram a frequência de meteoritos.

A equipe iniciou suas pesquisas em dezembro de 2021 após detectar um grande e distante terremoto. Os sinais desse tremor apontavam para uma nova cratera de 150 metros de diâmetro. A equipe da InSight uniu forças com a Context Camera da Mars Reconnaissance Orbiter para buscar outras crateras relacionadas a eventos sísmicos. Eles descobriram uma segunda cratera com mais de 100 metros (320 pés) de largura.

Marte possui uma atmosfera fina, o que permite que mais meteoritos atinjam sua superfície em comparação com a Terra, onde a atmosfera geralmente queima os meteoros antes de chegarem ao solo. Além disso, Marte está mais próximo do cinturão de asteroides e tem uma atração gravitacional mais forte, resultando em um maior número de impactos de meteoritos. No entanto, tempestades de areia em Marte podem rapidamente cobrir novas crateras, tornando-as mais difíceis de serem observadas em imagens capturadas do espaço.

Geraldine Zenhäusern, da ETH Zurich, e Natalia Wójcicka, do Imperial College London, apresentaram sua metodologia. Elas determinaram o tamanho das crateras ao analisar a magnitude dos VF-martemotos e suas distâncias em relação ao módulo InSight. Com essas informações, estimaram o número total de impactos na superfície de Marte.

Esta pesquisa é vital para futuras missões a Marte. Ao sabermos o número de impactos de meteoritos, podemos garantir a segurança de missões robóticas e futuros exploradores humanos. A equipe de pesquisa pretende usar aprendizado de máquina para identificar mais crateras em imagens de satélite e detectar outros eventos sísmicos nos seus dados.

O professor Domenico Giardini, um dos principais pesquisadores da Missão InSight da NASA em Marte, afirmou que este é o primeiro estudo a usar dados similares aos de terremotos para determinar a frequência de impactos de meteoritos em Marte. Essas informações são cruciais para o planejamento de futuras missões. Zenhäusern e Wójcicka estão entusiasmados em continuar essa pesquisa com o auxílio de inteligência artificial.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41550-024-02301-z

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Géraldine Zenhäusern, Natalia Wójcicka, Simon C. Stähler, Gareth S. Collins, Ingrid J. Daubar, Martin Knapmeyer, Savas Ceylan, John F. Clinton, Domenico Giardini. An estimate of the impact rate on Mars from statistics of very-high-frequency marsquakes. Nature Astronomy, 2024; DOI: 10.1038/s41550-024-02301-z
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