Descobertas genéticas ligam envelhecimento ao Alzheimer: nova técnica revoluciona estudo de neurônios velhos
São PauloCientistas da Escola de Medicina da Universidade de Washington fizeram uma descoberta importante sobre a doença de Alzheimer. Eles desenvolveram uma técnica para estudar células nervosas envelhecidas em laboratório sem a necessidade de coletar amostras do cérebro. Isso pode ampliar nosso entendimento sobre o Alzheimer e resultar em novos tratamentos.
Os pesquisadores coletaram células da pele de pacientes com Alzheimer de início tardio e as transformaram em neurônios. Essas células apresentaram características importantes da doença, como:
Acúmulo de beta-amiloide Depósitos de proteína tau Morte de células neuronais
A Doença de Alzheimer de início tardio, que surge após os 65 anos, era difícil de estudar em laboratório até o desenvolvimento deste novo método.
Cientistas geralmente investigam mutações genéticas que causam Alzheimer precoce em animais. Esse novo método, chamado de reprogramação celular, permite que os pesquisadores estudem a doença observando como ela afeta os neurônios com o passar do tempo.
Cientistas utilizaram microRNAs para transformar células da pele em células cerebrais. Essas células cerebrais cresceram em um gel ou se agruparam em pequenos grupos chamados esferoides, que se assemelham à estrutura tridimensional do cérebro. A equipe então comparou esferoides de:
- Pacientes com Alzheimer de início tardio
- Pacientes com Alzheimer hereditário
- Indivíduos saudáveis de idades semelhantes
As amostras da doença de Alzheimer rapidamente apresentaram depósitos de beta-amiloide e emaranhados de tau. Genes inflamatórios foram ativados e os neurônios começaram a morrer. Isso corresponde ao que é visto em exames cerebrais de pacientes com Alzheimer.
Esferoides de doadores idosos saudáveis também apresentaram alguns depósitos de amiloide, mas em quantidade significativamente menor comparado com os pacientes de Alzheimer. Isso sugere que o acúmulo de beta-amiloide e tau está ligado ao envelhecimento, porém a doença de Alzheimer agrava consideravelmente esse problema.
A equipe descobriu que o uso precoce de medicamentos para prevenir plaques de beta amiloide reduz seu acúmulo. No entanto, usar esses medicamentos em estágios mais avançados não é tão eficaz. Isso ressalta a importância de detectar o problema cedo.
Cientistas descobriram que elementos retrotransponíveis, segmentos de DNA capazes de se movimentar pelo genoma, têm um papel no Alzheimer de início tardio. A inibição desses elementos utilizando o medicamento lamivudina trouxe resultados positivos. Pacientes tratados com lamivudina apresentaram menos placas de beta-amiloide e emaranhados de tau, além de uma menor morte de células nervosas.
Aqui está uma lição:
Tratamento precoce é essencial Identificação de elementos genômicos específicos da doença é fundamental Lamivudina pode oferecer uma nova abordagem para tratamento do Alzheimer de início tardio
A equipe de pesquisa continuará seus estudos e se concentrará em adicionar vários tipos de células cerebrais aos seus modelos. Este trabalho é promissor e pode levar a tratamentos personalizados para pessoas com Alzheimer de início tardio.
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O estudo foi publicado na revista Science em 2 de agosto de 2024. Além disso, um pedido de patente nos Estados Unidos foi feito para esse novo método de modelagem do Alzheimer.
O estudo é publicado aqui:
http://dx.doi.org/10.1126/science.adl2992e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é
Zhao Sun, Ji-Sun Kwon, Yudong Ren, Shawei Chen, Courtney K. Walker, Xinguo Lu, Kitra Cates, Hande Karahan, Sanja Sviben, James A. J. Fitzpatrick, Clarissa Valdez, Henry Houlden, Celeste M. Karch, Randall J. Bateman, Chihiro Sato, Steven J. Mennerick, Marc I. Diamond, Jungsu Kim, Rudolph E. Tanzi, David M. Holtzman, Andrew S. Yoo. Modeling late-onset Alzheimer’s disease neuropathology via direct neuronal reprogramming. Science, 2024; 385 (6708) DOI: 10.1126/science.adl2992Compartilhar este artigo