Expansão do uso de antibióticos para crianças menores de 5 anos salvará vidas na África

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Por Bia Chacu
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Pílulas formando um contorno da África no mapa.

São PauloPesquisa da UC San Francisco (UCSF) sugere que administrar antibióticos para todas as crianças menores de cinco anos na África Subsaariana poderia reduzir as taxas de mortalidade infantil. Esta abordagem é diferente das diretrizes atuais da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomendam o tratamento apenas para bebês de 1 a 11 meses, devido a preocupações com a resistência aos antibióticos.

Azitromicina e outros antibióticos têm sido altamente eficazes na redução das taxas de mortalidade, agindo contra diversos germes. Esses germes costumam causar doenças graves como infecções pulmonares, diarreias e malária, que são principais causas de morte entre as crianças na região.

Pontos principais incluem:

  • Redução de 14% nas taxas de mortalidade infantil abaixo de cinco anos.
  • Proteção significativa para bebês quando irmãos mais velhos também são tratados.
  • Diretrizes iniciais da OMS limitadas a bebês devido a preocupações com resistência a antibióticos.
  • Novas pesquisas indicam que tratar todas as crianças até cinco anos é benéfico.

Um estudo realizado em 2018 analisou quase 200 mil crianças em Níger, Malawi e Tanzânia, revelando uma queda geral de 14% nas mortes e uma redução de 25% entre bebês com menos de cinco meses. No entanto, não ficou claro se focar apenas nos recém-nascidos reduziria a mortalidade conforme esperado. Isso levou ao novo estudo AVENIR, que utilizou o mesmo plano de tratamento, mas focalizou áreas em Níger com taxas de mortalidade mais altas.

Pesquisadores da UCSF, em parceria com o Ministério da Saúde do Níger, descobriram que tratar todas as crianças com até 5 anos de idade teve o maior impacto na redução de mortes. Irmãos mais velhos frequentemente trazem infecções para dentro de casa, tornando-os importantes nesse processo. Os dados mostram que tratar essas crianças mais velhas ajuda a proteger seus irmãos mais novos.

A equipe da UCSF acredita que administrar antibióticos por um curto período e focar em casos específicos diminui o risco de resistência. Eles argumentam que os benefícios de sobrevivência para crianças em áreas com altas taxas de mortalidade são muito maiores que os potenciais malefícios.

Administrar azitromicina a todas as crianças menores de cinco anos na África Subsaariana pode revolucionar a saúde pública na região. Se adotado em larga escala, esse plano pode ajudar muitas crianças a sobreviver e garantir uma vida mais saudável para as futuras gerações.

Caso a OMS aceite os resultados, as descobertas poderão transformar as diretrizes sobre antibióticos, visando tanto a redução da resistência quanto o aumento das taxas de sobrevivência.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1056/NEJMoa2312093

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Kieran S. O’Brien, Ahmed M. Arzika, Abdou Amza, Ramatou Maliki, Bawa Aichatou, Ismael Mamane Bello, Diallo Beidi, Nasser Galo, Naser Harouna, Alio M. Karamba, Sani Mahamadou, Moustapha Abarchi, Almou Ibrahim, Elodie Lebas, Brittany Peterson, Zijun Liu, Victoria Le, Emily Colby, Thuy Doan, Jeremy D. Keenan, Catherine E. Oldenburg, Travis C. Porco, Benjamin F. Arnold, Thomas M. Lietman. Azithromycin to Reduce Mortality — An Adaptive Cluster-Randomized Trial. New England Journal of Medicine, 2024; 391 (8): 699 DOI: 10.1056/NEJMoa2312093
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