Circuito cerebral descoberto: como detectamos rostos em milissegundos

Tempo de leitura: 2 minutos
Por João Silva
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Cérebro com vias de circuitos de detecção de rosto destacadas.

São PauloCientistas do NIH descobriram um novo circuito cerebral em primatas que auxilia na detecção rápida de rostos. Essa descoberta pode nos ajudar a compreender melhor como reconhecemos rostos e condições como o autismo, que afetam essa habilidade. O colículo superior, uma parte mais antiga do cérebro, inicia o processo ao perceber rostos na nossa visão periférica e direcionar nossos olhos e cabeça em sua direção. Isso permite que o córtex temporal identifique os rostos com mais detalhes.

Estudo revela:

  • O colículo superior identifica rostos em apenas 40 milissegundos.
  • Ele reage mais rapidamente a rostos do que a outros objetos como mãos ou frutas.
  • Essa detecção depende da entrada do córtex visual.
  • Este circuito pode explicar o desenvolvimento das "áreas de rosto" no cérebro.

Ao nascer, os bebês não conseguem ver detalhes finos necessários para reconhecer rostos. Apesar disso, ainda conseguem olhar para rostos. Isso sugere que outro processo atua antes do desenvolvimento da visão clara. O colículo superior, uma parte do mesencéfalo, pode estar envolvido nisso. Ele detecta objetos, mas não os identifica, direcionando os movimentos dos olhos para objetos interessantes ou afastando-os de perigos.

Primatas adultos possuem áreas no cérebro que os ajudam a reconhecer rostos. Essas áreas, chamadas de "patches de rosto", permitem identificar alguém pelas características faciais. Porém, para reconhecer um rosto, é necessário olhar diretamente para ele. Novas descobertas sugerem que uma parte do cérebro chamada colículo superior auxilia no movimento dos olhos em direção aos rostos, o que contribui para o aprendizado de reconhecimento de pessoas e a interpretação de suas expressões.

Pesquisadores Gongchen Yu e Leor Katz mostraram imagens a macacos para testar sua hipótese. As imagens incluíam rostos, mãos e objetos como frutas. Eles mediram a atividade cerebral em uma região chamada colículo superior. Descobriram que mais da metade das células cerebrais reagiram mais intensamente a rostos do que a outros objetos. Essa forte reação aos rostos ocorreu dentro de 40 milissegundos, muito mais rápido que a reação a outros objetos, que levou até 100 milissegundos.

O colículo superior recebe informações visuais do olho, mas precisa da ajuda do córtex visual para reconhecer rostos. Isso significa que o colículo pode sinalizar objetos importantes para o cérebro com base no input do córtex visual.

Este achado nos ajuda a compreender melhor como interagimos com os outros. A capacidade de reconhecer rostos rapidamente é crucial para identificar pessoas e interpretar sinais sociais. Se houver problemas no funcionamento do colículo superior na detecção de rostos, isso pode estar relacionado a condições como o autismo.

Este novo circuito pode detectar rostos rapidamente e pode ser crucial para melhorar os processos de reconhecimento facial no cérebro. Compreender seu funcionamento pode ajudar no diagnóstico e tratamento de problemas de reconhecimento facial em condições como o autismo. Os pesquisadores acreditam que esse circuito facilita a formação de "patches faciais" no cérebro, essenciais para reconhecer e interpretar rostos.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1016/j.neuron.2024.06.005

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Gongchen Yu, Leor N. Katz, Christian Quaia, Adam Messinger, Richard J. Krauzlis. Short-latency preference for faces in primate superior colliculus depends on visual cortex. Neuron, 2024; DOI: 10.1016/j.neuron.2024.06.005
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