Desvendando a história genética: a transformação das raposas em companheiras domesticadas

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Por Chi Silva
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"Raposas cativas exibindo comportamento amigável em ambiente de fazenda"

São PauloAnimais domesticados desempenham um papel significativo em nossas vidas. Muitas famílias americanas têm animais de estimação, e as pessoas dependem de produtos de origem animal para alimentação. Cientistas ainda não compreendem totalmente como funciona o processo de domesticação. Um exemplo único é a domesticação das raposas vermelhas para obtenção de suas peles, iniciada em 1896 na Ilha do Príncipe Eduardo, no Canadá.

Pesquisadores da Universidade de Illinois Urbana-Champaign investigaram o processo de domesticação das raposas. Eles analisaram registros antigos, dados genéticos e amostras de raposas da América do Norte e Eurásia. Esse estudo permitiu compreender as mudanças ocorridas nas raposas ao longo do tempo. Foram examinados materiais genéticos de raposas selvagens e de raposas criadas em cativeiro, incluindo aquelas do famoso projeto russo de domesticação de raposas.

A pesquisa destaca os seguintes pontos principais:

  • Pesquisadores tiveram acesso a documentos históricos e informações genéticas.
  • Eles estudaram populações de raposas selvagens e dez populações cativas na América do Norte e Eurásia.
  • Descobriram que as populações de raposas criadas em cativeiro no mundo todo têm origem nas raposas selvagens da América do Norte.

Primeiras Tentativas de Criação de Raposas Prateadas

No início, os criadores de raposas queriam a rara variedade prateada das raposas vermelhas. Como era difícil capturá-las na natureza, começaram a criá-las em cativeiro. Porém, essa tarefa não era fácil, pois as raposas ficavam estressadas, frequentemente morriam ou matavam seus filhotes. Com o tempo, os criadores aprenderam a reduzir o estresse nas gaiolas e selecionaram as raposas que se adaptavam melhor à vida no cativeiro. Esse processo permitiu que eles conseguissem reproduzir com sucesso as raposas prateadas.

Exportação de Raposas e a Análise Genética

Raposas canadenses foram exportadas para diversas partes do mundo. Análises genéticas indicaram que as raposas em cativeiro não possuíam genes de raposas selvagens eurasiáticas. Pesquisadores concluíram que todas as raposas em cativeiro eram provenientes de raposas norte-americanas. Algumas raposas de fazenda podem ter se misturado com raposas selvagens nativas ao longo do tempo, o que explicaria por que populações nativas apresentam marcadores genéticos inesperados.

A Segunda Guerra Mundial prejudicou o mercado de peles na América do Norte, e ele nunca se recuperou completamente. Contudo, as fazendas de raposas na URSS se restabeleceram rapidamente com o apoio do governo. As raposas eurasianas possuem históricos de criação mais estáveis, o que se reflete em sua genética. Embora todas as raposas criadas em cativeiro tenham se originado na América do Norte, as raposas eurasianas agora apresentam maior diversidade genética, incluindo tipos do Alasca, do oeste dos EUA e do leste do Canadá.

Padrões genéticos únicos foram encontrados apenas em certas populações rurais da Europa. Isso pode ser explicado pela maior estabilidade no tamanho dessas populações na Europa após a Segunda Guerra Mundial, enquanto fazendas na América do Norte sofreram maiores perdas.

O experimento das raposas rurais russas, iniciado em 1959 no Instituto de Citologia e Genética em Novosibirsk, concluiu que não há nenhuma origem genética especial para essas raposas. Isso indica que as raposas criadas em fazendas, em qualquer lugar, podem se tornar dóceis. A diversidade genética nas raposas russas foi alta devido a registros de reprodução meticulosos.

Este estudo ajuda a compreender a origem das populações de raposas em cativeiro e seu histórico genético. Ele revela que um esforço bem-sucedido na Ilha do Príncipe Eduardo influenciou as populações de raposas modernas. Essa abordagem pode auxiliar pesquisadores a estudar a domesticação e a identificar redes genéticas que promovem comportamentos dóceis.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1093/jhered/esae022

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Halie M Rando, Emmarie P Alexander, Sophie Preckler-Quisquater, Cate B Quinn, Jeremy T Stutchman, Jennifer L Johnson, Estelle R Bastounes, Beata Horecka, Kristina L Black, Michael P Robson, Darya V Shepeleva, Yury E Herbeck, Anastasiya V Kharlamova, Lyudmila N Trut, Jonathan N Pauli, Benjamin N Sacks, Anna V Kukekova. Missing history of a modern domesticate: Historical demographics and genetic diversity in farm-bred red fox populations. Journal of Heredity, 2024; DOI: 10.1093/jhered/esae022
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