Ascensão da extrema direita ameaça defesa europeia de Macron

Por Ana Silva
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Mapa europeu com símbolos de partidos de extrema-direita em ascensão.

São PauloA surpreendente decisão de Emmanuel Macron de convocar eleições antecipadas pode atrapalhar seus planos para a defesa europeia. Saberemos mais após o segundo turno das eleições legislativas no domingo.

Macron demonstra forte apoio à Ucrânia. Ele sugeriu enviar tropas francesas para o país, utilizar armas nucleares da França para defender a Europa e incentivar os países da União Europeia a contraírem empréstimos para a compra de armamentos. Isso contrasta significativamente com os objetivos do Partido Nacional da Marine Le Pen.

Principais diferenças entre Macron e o Rassemblement National:

  • Macron apoia uma Europa federal; o Rassemblement National defende a soberania nacional.
  • Macron quer projetos de defesa conjuntos na UE; o Rassemblement National é contra.
  • Macron é pró-OTAN; o Rassemblement National é cético em relação à UE e desconfiado da OTAN.

Se o partido Rassemblement National vencer ou se não houver uma maioria clara no parlamento, os planos de Macron poderão ser impactados. Uma vitória expressiva do Rassemblement National pode obrigar Macron a colaborar com eles e nomear Jordan Bardella como primeiro-ministro. Isso tornaria mais difícil para Macron seguir com seus planos de defesa.

Oposição da esquerda francesa divide opiniões sobre Ucrânia

O partido de esquerda França Insubmissa compartilha das opiniões contra a UE e a OTAN com o partido de extrema-direita Frente Nacional. Outros grupos progressistas, como os Socialistas e os Verdes, apoiam a Ucrânia, mas estão divididos sobre o assunto. Macron provavelmente não contará com um apoio significativo da esquerda para seus planos de defesa.

Países europeus como Hungria, Eslováquia, Países Baixos e Itália estão optando por partidos populistas. Se a França seguir esse caminho, isso pode ter impacto global, pois o país possui armas nucleares e um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

O partido Rassemblement National alterou algumas de suas políticas para conquistar mais eleitores. Eles não defendem mais relações próximas com a Rússia, nem a saída do comando integrado da OTAN. Embora apoiem Kyiv, são contrários ao envio de mísseis de longo alcance e tropas para a Ucrânia.

Um governo de extrema-direita ou uma Assembleia Nacional controlada pelo Rassemblement National poderia enfraquecer Macron. Le Pen e seu partido já afirmaram que bloquearão Macron em questões de defesa e política externa. Macron acusou Le Pen de ter ligações com o Kremlin, e Moscou apoiou o Rassemblement National antes da eleição.

A posição do partido Reunião Nacional sobre o envio de armas à Ucrânia não é clara. O membro Laurent Jacobelli questionou a promessa de Macron de enviar caças Mirage 2000-5 para a Ucrânia.

Um parlamento dividido pode atrasar a ajuda militar à Ucrânia. Jean-Luc Mélenchon, líder do França Insubmissa, apoia o envio de armas à Ucrânia, mas está preocupado com o aumento das tensões com a Rússia. É incerto se os membros de seu partido aprovariam novos recursos para mais armamentos.

O plano de Macron para a Europa assumir sua própria defesa pode fracassar. Se Trump voltar a ser presidente, a Europa pode precisar gerenciar sua própria defesa. Os líderes europeus estão preocupados com a eleição francesa. Embora o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, tenha tentado minimizar esses receios, os aliados continuam nervosos.

As colaborações no tanque de batalha franco-alemão e no caça franco-germano-espanhol estão em risco. Tanto o Reagrupamento Nacional quanto a França Insubmissa querem cortar o financiamento desses projetos. Se Bardella assumir a liderança, os esforços para melhorar as relações políticas e de defesa com a Alemanha e a Polônia podem fracassar. Para a Alemanha, é difícil trabalhar com um governo de extrema-direita na França.

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