Revolucionando estratégias contra a epidemia de opioides com novas pesquisas cerebrais do Max Planck

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Por Ana Silva
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Escaneamento avançado do cérebro mostrando os efeitos de opioides em tempo real.

São PauloPesquisas do Instituto Max Planck de Neurociência na Flórida podem mudar nossa compreensão sobre opioides no cérebro. Apesar da continuidade da crise dos opioides, ainda sabemos pouco sobre seu funcionamento cerebral. Observar os efeitos opioides em tempo real tem sido um desafio, retardando o progresso.

Opioides medicinais, como a morfina e a oxicodona, assim como os ilegais, como a heroína, agem ligando-se aos receptores opioides nas células nervosas do cérebro e do corpo. Esses receptores normalmente respondem a substâncias naturais do cérebro conhecidas como opioides endógenos, como as endorfinas.

  • Endorfinas
  • Encefalinas
  • Dinorfinas

Produtos químicos naturais são liberados durante atividades como rir, fazer sexo, exercitar-se ou se machucar. Eles se conectam aos receptores opioides no cérebro, reduzindo a transmissão de sinais e provocando sensações de prazer, alívio da dor e, às vezes, vício.

Ainda não compreendemos completamente como os opioides alteram comportamentos. Uma questão crucial é se podemos obter alívio da dor com opioides sem causar dependência. O sistema opioide é essencial no tratamento da dor e problemas de saúde mental como ansiedade e depressão. Para desenvolver tratamentos mais seguros e evitar os problemas do uso indevido de opioides, precisamos entender melhor como os opioides atuam no cérebro.

Os opioides têm diversos efeitos no cérebro porque existem mais de 20 opioides naturais e mais de 500 opioides sintéticos. Esses opioides interagem com três tipos diferentes de receptores opioides, cada um de uma maneira específica. Os efeitos variam conforme a quantidade de opioide presente, quais receptores estão envolvidos e quais partes do cérebro estão ativas.

Dra. Lin Tian e sua equipe desenvolveram uma maneira inovadora de estudar os opioides em tempo real. Após testar mais de 1.000 versões, eles aperfeiçoaram biossensores extremamente sensíveis baseados em receptores de opioides. Esses sensores emitem luz quando os opioides se ligam a eles e param de brilhar quando os opioides se desligam. Isso permite que os cientistas observem a ligação dos opioides a receptores específicos em tempo real.

Essa nova tecnologia nos permite rastrear o sistema de opioides naturais no cérebro. Agora podemos diferenciar os diversos efeitos dos opioides e observar a sinalização dos opioides em diferentes circuitos cerebrais em tempo real. A equipe da Dra. Tian também tem compartilhado amplamente essas ferramentas, acelerando os avanços na pesquisa sobre opioides.

Esta pesquisa pode ter um grande impacto. Ao focar em receptores específicos e áreas do cérebro, podemos criar medicamentos mais eficazes e seguros. Isso pode revolucionar a forma como lidamos com a crise dos opioides. O monitoramento em tempo real dos efeitos dos opioides pode ajudar a gerenciar a dor sem o risco de dependência. Também pode levar a tratamentos mais eficazes para problemas de saúde mental.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41593-024-01697-1

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Chunyang Dong, Raajaram Gowrishankar, Yihan Jin, Xinyi Jenny He, Achla Gupta, Huikun Wang, Nilüfer Sayar-Atasoy, Rodolfo J. Flores, Karan Mahe, Nikki Tjahjono, Ruqiang Liang, Aaron Marley, Grace Or Mizuno, Darren K. Lo, Qingtao Sun, Jennifer L. Whistler, Bo Li, Ivone Gomes, Mark Von Zastrow, Hugo A. Tejeda, Deniz Atasoy, Lakshmi A. Devi, Michael R. Bruchas, Matthew R. Banghart, Lin Tian. Unlocking opioid neuropeptide dynamics with genetically encoded biosensors. Nature Neuroscience, 2024; DOI: 10.1038/s41593-024-01697-1
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