Ilhas sem ratos impulsionam retorno de aves marinhas, aponta novo estudo

Tempo de leitura: 3 minutos
Por Chi Silva
- em
Aves marinhas nidificando pacificamente em uma ilha exuberante e livre de ratos.

São PauloRemoção de ratos invasores e reintrodução de plantas nativas em ilhas remotas pode aumentar o número de aves marinhas reprodutoras em centenas de milhares, revela novo estudo. Pesquisadores descobriram que há peixes suficientes nas proximidades dessas ilhas para sustentar as aves. Este é o primeiro estudo a examinar a disponibilidade de peixes para projetos de restauração de aves marinhas, oferecendo mais elementos para orientar futuras iniciativas.

Cientistas da Universidade de Lancaster e outros especialistas marinhos de diversas partes do mundo realizaram um estudo. Publicado na revista Conservation Biology, a pesquisa demonstra como a erradicação de ratos e a recuperação de habitats podem favorecer as populações de aves marinhas.

A Dra. Ruth Dunn, da Universidade de Lancaster, explicou que os ratos prejudicam as aves marinhas ao comerem seus ovos, filhotes e até adultos. Eliminar os ratos é benéfico, mas é igualmente crucial garantir a presença de peixes suficientes para manter as aves marinhas saudáveis.

Principais Descobertas sobre Restauração de Vida Selvagem:

  • Erradicar os ratos pode aumentar a população de aves marinhas para quase 24.000 pares reprodutores.
  • Restaurar a vegetação em metade da superfície das ilhas pode resultar em 83.000 pares reprodutores.
  • Reflorestar três quartos das ilhas pode sustentar mais de 280.000 pares reprodutores.

Os pesquisadores coletaram dados para entender a quantidade de energia que as aves marinhas necessitam e a disponibilidade de peixes como presas. O foco do estudo foi no Arquipélago de Chagos, no Oceano Índico, onde a pesca é restrita em algumas regiões. Essas áreas protegidas podem influenciar a quantidade de peixes disponíveis.

A Dra. Dunn afirmou que a inclusão de áreas marinhas protegidas em projetos de restauração poderia ser útil. Ela acrescentou que o estudo deles demonstra que há peixes suficientes ao redor dessas ilhas para sustentar as populações de aves marinhas que estão voltando.

O estudo analisou três cenários: eliminar apenas os ratos, eliminar os ratos e reintroduzir algumas plantas, e eliminar os ratos e reintroduzir muitas plantas. Cada um desses cenários mostrou grande potencial para aumentar a população de aves marinhas.

As restaurações também beneficiam a terra. As aves marinhas são essenciais porque transportam nutrientes do oceano para as ilhas e recifes de coral. Suas fezes, conhecidas como guano, fornecem nitrogênio e fósforo. Esses nutrientes ajudam a fertilizar os recifes de coral próximos.

Dr. Dunn explicou que o aumento no número de aves marinhas traz mais nutrientes aos recifes de corais, beneficiando o crescimento das populações de peixes. A pesquisa revelou que os excrementos das aves podem adicionar nitrogênio, passando de 78 toneladas para 170 toneladas por ano. Esse acréscimo de nutrientes pode resultar em 52% mais peixes, adicionando cerca de 50 mil toneladas de peixes aos recifes da região.

Os pesquisadores esperam ver mais peixes herbívoros, como o peixe-papagaio, quando as condições melhorarem. Esses peixes são cruciais porque consomem algas e limpam corais mortos, ajudando os recifes a se recuperarem após danos.

O professor Nick Graham, da Universidade de Lancaster e coautor do estudo, afirmou que recuperar ilhas pode ajudar a proteger as populações de aves marinhas e fortalecer os recifes de coral contra as mudanças climáticas.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1111/cobi.14313

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Ruth E. Dunn, Cassandra E. Benkwitt, Olivier Maury, Nicolas Barrier, Peter Carr, Nicholas A. J. Graham. Island restoration to rebuild seabird populations and amplify coral reef functioning. Conservation Biology, 2024; DOI: 10.1111/cobi.14313
Ciência: Últimas notícias
Leia mais:

Compartilhar este artigo

Comentários (0)

Publicar um comentário