Acidificação dos oceanos desestrutura recifes de corais e altera comportamento de peixes

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Por João Silva
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Recifes de coral branqueados com peixes esparsos e confusos.

São PauloUm estudo conduzido pelo Professor Ivan Nagelkerken da Universidade de Adelaide revela que a acidificação dos oceanos está tornando os recifes de corais menos atrativos para algumas espécies de peixes. Os pesquisadores examinaram recifes de corais na Papua Nova Guiné e descobriram que a acidificação diminui a complexidade das estruturas dos corais, tornando-os menos adequados como habitat para determinados peixes.

A acidificação dos oceanos acontece quando há um aumento de dióxido de carbono na água, resultando em níveis mais baixos de pH e uma redução de carbonato de cálcio, essencial para os esqueletos dos corais. O estudo analisou dois recifes em Upa-Upasina.

  • Um recife próximo a uma fonte vulcânica que libera dióxido de carbono, causando acidificação natural.
  • Outro recife a 500 metros de distância, não afetado pelos gases vulcânicos.

Equipe descobre que acidificação dos oceanos não reduz sempre os corais, mas simplifica suas formas e afasta peixes.

A equipe observou cinco espécies de peixes-donzela:

  • Duas espécies preferiram estruturas complexas e ramificadas.
  • Outras duas não se importaram com estruturas simplificadas, mas ainda buscaram habitats complexos.
  • Um especialista em escombros preferiu fortemente os escombros.

O Professor Nagelkerken esclareceu que essas mudanças podem reestruturar os ecossistemas, levando à perda de habitats e espécies essenciais. Isso pode reduzir a produção de peixes e prejudicar muitos animais e plantas marinhas. Diferentes populações de peixes podem diminuir, resultando em menos diversidade e resiliência nas suas comunidades.

Os locais de estudo permitiram aos pesquisadores comparar as condições atuais com a acidificação futura no mesmo ambiente, mantendo intactas as interações ecológicas naturais. As condições observadas perto das fontes vulcânicas provavelmente se tornarão mais comuns devido à absorção pelas oceanos das emissões de carbono relacionadas às atividades humanas.

O Professor Nagelkerken afirmou que os ecossistemas da Austrália, especialmente a Grande Barreira de Corais, podem ser afetados de maneira semelhante aos de Papua Nova Guiné. Isso acontece porque muitas das espécies de corais e peixes presentes em ambos os locais são as mesmas. Recifes temperados também podem sofrer, impactando organismos como ostras, mexilhões e alguns tipos de algas que formam recifes em águas frias.

Pesquisadores da Universidade James Cook, Nova Caledônia, Hong Kong e Japão colaboraram neste estudo, publicado no Journal of Animal Ecology. O Professor Nagelkerken destacou a necessidade de esforços globais para reduzir as emissões de CO2 e prevenir esses efeitos nocivos.

O estudo destaca outras formas pelas quais o aquecimento global prejudica os recifes de coral, além do conhecido problema do branqueamento causado pelo calor. Ele mostra como a acidificação dos oceanos afeta as estruturas dos corais e o comportamento dos peixes, aumentando as preocupações sobre o impacto das mudanças climáticas na vida marinha.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1111/1365-2656.14127

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Jamie Priest, Camilo M. Ferreira, Philip L. Munday, Amelia Roberts, Riccardo Rodolfo‐Metalpa, Jodie L. Rummer, Celia Schunter, Timothy Ravasi, Ivan Nagelkerken. Out of shape: Ocean acidification simplifies coral reef architecture and reshuffles fish assemblages. Journal of Animal Ecology, 2024; DOI: 10.1111/1365-2656.14127
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