Borboletas painted lady voam 4.200 km sem parar do oeste da África à América do Sul

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Por João Silva
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Borboletas-dama-pintada voando sobre o vasto Atlântico.

São PauloEm outubro de 2013, Gerard Talavera, um pesquisador do Instituto Botânico de Barcelona, encontrou borboletas Vanessa nas praias da Guiana Francesa. Normalmente, essas borboletas não são vistas na América do Sul, o que levou a um estudo internacional para descobrir sua origem.

Uma equipe de pesquisadores de várias instituições colaborou neste estudo:

  • Gerard Talavera do Institut Botànic de Barcelona (IBB, CSIC-CMCNB)
  • Tomasz Suchan do W. Szafer Institute of Botany
  • Clément Bataille, professor associado da Universidade de Ottawa
  • Megan Reich, pesquisadora de pós-doutorado na Universidade de Ottawa
  • Roger Vila e Eric Toro Delgado do Institute of Evolutionary Biology (IBE, CSIC-UPF)
  • Naomi Pierce, professora de Biologia na Universidade de Harvard

Em outubro de 2013, a equipe de pesquisa analisou padrões de vento e descobriu que os ventos permitiriam a viagem da África Ocidental através do Atlântico. Testes genéticos demonstraram que as populações eram mais próximas geneticamente das da África e da Europa, descartando qualquer ligação com a América do Norte.

Pesquisadores utilizaram técnicas moleculares avançadas, como o sequenciamento de DNA de grãos de pólen carregados por borboletas. Eles encontraram espécies de plantas que só crescem na África tropical, demonstrando que as borboletas coletaram néctar lá antes de atravessar o oceano. Também analisaram isótopos de hidrogênio e estrôncio nas asas das borboletas para determinar sua origem. Usando um modelo de adequabilidade de habitat, concluíram que as borboletas poderiam ter vindo da Europa Ocidental, incluindo França, Irlanda, Reino Unido ou Portugal.

Os pesquisadores investigaram a quantidade de energia que as borboletas precisam para completar suas jornadas. Descobriram que, com ventos favoráveis, é possível voar de 5 a 8 dias sem parar. Sem vento, as borboletas conseguem voar até 780 km antes de ficarem sem energia. Eric Toro-Delgado ressaltou que elas só conseguem realizar essa viagem alternando entre voar e planar.

O estudo destacou que a camada de ar saariana é uma via crucial para a dispersão de partículas. Esse vento transporta poeira do Saara para a América, ajudando a Amazônia com nutrientes, e agora parece que também pode transportar organismos vivos.

Pesquisadores sugerem que podem existir caminhos naturais no céu que conectam continentes, permitindo uma disseminação maior das espécies do que imaginávamos. Megan Reich acredita que o estudo indica nossa possível falta de compreensão sobre a capacidade de deslocamento dos insetos e a frequência com que isso ocorre.

As Migrações Animais e as Transformações Climáticas

Gerard Talavera ressaltou a importância das migrações animais para a distribuição atual das espécies. Ele afirmou que o aquecimento global e as mudanças climáticas podem levar a movimentos mais longos das espécies, impactando a biodiversidade e os ecossistemas. Talavera enfatizou a necessidade de monitorar atentamente os insetos migratórios para prever e lidar com os possíveis riscos decorrentes das mudanças globais.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41467-024-49079-2

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Tomasz Suchan, Clément P. Bataille, Megan S. Reich, Eric Toro-Delgado, Roger Vila, Naomi E. Pierce, Gerard Talavera. A trans-oceanic flight of over 4,200 km by painted lady butterflies. Nature Communications, 2024; 15 (1) DOI: 10.1038/s41467-024-49079-2
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