Dados da Cassini revelam segredos únicos dos mares de hidrocarboneto em Titã

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Por Bia Chacu
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Mares de Titã com a espaçonave Cassini em primeiro plano

São PauloNovo Estudo da Missão Cassini-Huygens Revela Segredos dos Mares de Hidrocarbonetos em Titã

Uma nova pesquisa com dados da missão Cassini-Huygens revela mais informações sobre os mares de hidrocarbonetos líquidos em Titã, a maior lua de Saturno. Pesquisadores da Universidade Cornell utilizaram radar bistático para examinar os mares próximos ao polo norte de Titã. Este método de radar oferece informações mais detalhadas do que estudos anteriores que usaram radar monostático.

Usando radar bistático, cientistas enviam um sinal de rádio da nave espacial para Titã, que depois reflete de volta para a Terra. Este método oferece mais informações porque fornece dois pontos de vista. Métodos mais antigos forneciam apenas um ponto de vista. A equipe de pesquisa, liderada por Valerio Poggiali, estudou quatro observações de radar bistático das sobrevoadas de 2014 e 2016. Eles examinaram as reflexões da superfície de três grandes mares polares: Kraken Mare, Ligeia Mare e Punga Mare.

Principais descobertas do estudo incluem:

  • Diversidade na composição dos mares de hidrocarbonetos em Titã.
  • Medição da rugosidade da superfície do mar.
  • Detecção de mares calmos com leve rugosidade nas áreas costeiras.

A equipe descobriu que a parte sul da Kraken Mare tem a maior capacidade de refletir sinais de rádio. Em comparação, a água da Terra possui um valor de reflexão em torno de 80, enquanto os mares de Titã, compostos por etano e metano, têm um valor de aproximadamente 1,7. Isso sugere que a composição das camadas superficiais dos mares varia conforme a localização.

Pesquisadores descobrem que mares de Titã são calmos e rios de metano puro

Os pesquisadores descobriram que os mares de Titã são, em sua maioria, tranquilos, com ondas de no máximo 3,3 milímetros. Próximo às costas, estuários e estreitos entre os mares, as ondas são um pouco maiores, chegando a 5,2 milímetros, sugerindo possíveis correntes de maré. Os rios que deságuam nos mares parecem ser compostos por metano puro e só se misturam com os mares ricos em etano depois.

Cientistas preveem que a chuva em Titã é composta principalmente por metano, juntamente com pequenas quantidades de etano e outros hidrocarbonetos. O professor Philip Nicholson, que contribuiu para o estudo, afirmou que essa descoberta confirma as suas previsões.

A equipe acredita que este estudo é apenas o começo. Ainda há uma grande quantidade de dados da missão de 13 anos da Cassini em Titã que precisa ser analisada. Pesquisas futuras podem levar a descobertas mais significativas. Este estudo nos aproxima de compreender melhor os mares de Titã e suas transformações.

Diversas instituições participaram deste estudo, entre elas a Universidade de Bolonha, o Observatório de Paris, o Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, o Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e o MIT. A pesquisa foi financiada pela NASA e pela Agência Espacial Italiana.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41467-024-49837-2

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Valerio Poggiali, Giancorrado Brighi, Alexander G. Hayes, Phil D. Nicholson, Shannon MacKenzie, Daniel E. Lalich, Léa E. Bonnefoy, Kamal Oudrhiri, Ralph D. Lorenz, Jason M. Soderblom, Paolo Tortora, Marco Zannoni. Surface properties of the seas of Titan as revealed by Cassini mission bistatic radar experiments. Nature Communications, 2024; 15 (1) DOI: 10.1038/s41467-024-49837-2
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