Resiliência lenta da natureza: plantas precisam de milênios para se recuperar do aquecimento global
São PauloPesquisa recente revela que mudanças climáticas significativas podem desestabilizar o controle do carbono e do clima da Terra por milhões de anos. Essas informações foram obtidas ao estudar o passado do nosso planeta, demonstrando que grandes erupções vulcânicas liberaram enormes quantidades de carbono. Essas erupções provocaram um rápido aquecimento climático e extinções em massa tanto em terra quanto no mar. Essas alterações desregularam os sistemas naturais da Terra por longos períodos.
Pesquisadores do ETH Zurich e de outras instituições investigaram mudanças climáticas passadas analisando dados químicos de sedimentos e utilizando modelos para entender como as plantas afetam o clima. Eles se concentraram em três grandes eventos climáticos, incluindo o evento dos Trapiches Siberianos que levou à extinção em massa do Permiano-Triássico há aproximadamente 252 milhões de anos. Durante esse evento, cerca de 40.000 gigatoneladas de carbono foram liberadas ao longo de 200.000 anos, aumentando as temperaturas globais de 5 a 10°C e resultando na extinção mais severa da história da Terra.
Descobertas-chave revelam que a captura de carbono através da decomposição química das rochas e a produção de carbono orgânico influenciam o grau de aquecimento do clima. A recuperação da vegetação após eventos leva milhões de anos, enfraquecendo a capacidade da Terra de regular o clima. A velocidade com que a vegetação se adapta ou se desloca impacta na rapidez com que o clima se estabiliza.
Julian Rogger, o principal pesquisador, explica que após esses eventos, a vegetação se recupera muito lentamente, dificultando a estabilização do clima. Esse período prolongado de aquecimento destaca a importância da vegetação para o clima da Terra. Se as plantas não conseguem se mover rapidamente ou se adaptar a áreas mais frias, isso resulta em mudanças climáticas significativas e duradouras.
Mudanças Climáticas Aceleradas: Desafios e Impactos
As mudanças climáticas causadas pelo ser humano estão acontecendo de forma muito rápida. Atividades como a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento aumentam os níveis de gases de efeito estufa na atmosfera. Essa mudança acelerada prejudica os sistemas naturais mais rapidamente do que eles conseguem se adaptar, causando mais danos do que os maiores eventos vulcânicos do passado da Terra.
As altas taxas de emissão e o desmatamento em larga escala enfraquecem os ecossistemas naturais. Isso reduz sua capacidade de absorver carbono e desestabiliza o clima global. Essas observações ressaltam a necessidade urgente de restaurar e proteger a vegetação. A história mostra que a recuperação de tais danos leva muito tempo, tornando crucial agir agora para combater as mudanças climáticas.
O estudo é publicado aqui:
http://dx.doi.org/10.1126/science.adn3450e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é
Julian Rogger, Emily J. Judd, Benjamin J. W. Mills, Yves Goddéris, Taras V. Gerya, Loïc Pellissier. Biogeographic climate sensitivity controls Earth system response to large igneous province carbon degassing. Science, 2024; 385 (6709): 661 DOI: 10.1126/science.adn3450Compartilhar este artigo