Aquecimento global ameaça qualidade da água subterrânea, alertam cientistas

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Por Ana Silva
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Terra rachada e seca com água subterrânea poluída abaixo.

São PauloCientistas do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe investigaram os impactos do aquecimento global nas temperaturas das águas subterrâneas. Eles descobriram que, até 2100, mais de 75 milhões de pessoas podem viver em áreas onde água subterrânea será muito quente para ser segura para o consumo. O estudo foi publicado na revista Nature Geoscience.

A água subterrânea é a maior fonte de água doce não congelada do mundo. Pesquisadores do KIT simularam como as temperaturas das águas subterrâneas globais podem mudar até 2100. Eles utilizaram dois cenários climáticos: SSP 2-4.5 e SSP 5-8.5. O SSP 2-4.5 indica níveis moderados de gases de efeito estufa no futuro, enquanto o SSP 5-8.5 aponta para níveis extremos.

A Dra. Susanne Benz, do Instituto de Fotogrametria e Sensoriamento Remoto do KIT, liderou o estudo juntamente com a Dra. Kathrin Menberg e o Professor Philipp Blum, ambos do Instituto de Geociências Aplicadas do KIT. Eles criaram mapas que mostram as temperaturas do lençol freático em várias profundidades e descobriram resultados significativos.

  • As temperaturas da água subterrânea subirão 2,1 graus Celsius até 2100 no cenário SSP 2-4.5.
  • As temperaturas da água subterrânea subirão 3,5 graus Celsius no cenário SSP 5-8.5.
  • Esses cenários consideram diferentes taxas de aquecimento atmosférico e profundidade da água subterrânea.

Água subterrânea quente pode afetar muitas pessoas. Cerca de 30 milhões de pessoas já vivem em áreas onde a água subterrânea é quente demais para ser bebida com segurança sem tratamento. Benz sugere que a água pode precisar ser fervida antes de consumida.

Previsões Futuras Alarmantes: Até 2100, entre 77 e 188 milhões de pessoas podem ser afetadas sob o cenário SSP 2-4.5, e entre 59 e 588 milhões sob o cenário SSP 5-8.5. Essas variações significativas dependem das mudanças climáticas e tendências populacionais.

Mudanças na temperatura das águas subterrâneas podem afetar ecossistemas. A água subterrânea mais quente pode aumentar os níveis de substâncias prejudiciais como arsênico e manganês. Quantidades maiores dessas substâncias podem ser perigosas para a saúde humana, especialmente em regiões que utilizam água subterrânea para consumo. Temperaturas mais altas também impactam ecossistemas que dependem dessas águas e os processos químicos em ambientes aquáticos.

O aumento das temperaturas nos rios pode afetar espécies de peixes como o salmão, que necessitam de condições térmicas específicas para desovar. Rios que dependem de águas subterrâneas podem ficar quentes demais, colocando em risco a reprodução desses peixes. Além disso, temperaturas mais elevadas nos sistemas aquáticos podem favorecer o crescimento de bactérias nocivas, como a Legionella.

Regiões com lençóis freáticos superficiais e aumentos significativos na temperatura do ar sofrerão mais aquecimento. Áreas montanhosas como os Andes e as Montanhas Rochosas, onde os lençóis freáticos são profundos, terão menos aquecimento.

O Dr. Benz enfatiza a importância de proteger os lençóis freáticos e desenvolver soluções duradouras. Precisamos reduzir os efeitos das mudanças climáticas na água subterrânea para preservar a qualidade da água potável e proteger os ecossistemas.

O estudo do KIT revela urgência na ação para lidar com os efeitos do aquecimento global sobre o lençol freático. Cientistas e formuladores de políticas devem desenvolver planos para mitigar esses impactos negativos. O lençol freático é vital para a vida, e precisamos mantê-lo limpo.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41561-024-01453-x

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Susanne A. Benz, Dylan J. Irvine, Gabriel C. Rau, Peter Bayer, Kathrin Menberg, Philipp Blum, Rob C. Jamieson, Christian Griebler, Barret L. Kurylyk. Global groundwater warming due to climate change. Nature Geoscience, 2024; 17 (6): 545 DOI: 10.1038/s41561-024-01453-x
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