Médicos e enfermeiros deixam Camarões por salários melhores no exterior

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Por Bia Chacu
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Corredor vazio de hospital com luzes piscando e sombras.

São PauloMédicos e enfermeiros em Camarões estão indo para outros países em busca de melhores salários. Leinyuy, um enfermeiro camaronês, mencionou que ganharia menos de 100 dólares por mês em sua terra natal. Somente o aluguel de sua casa custava 66 dólares. É muito difícil sustentar uma família com um salário tão baixo.

Muitos profissionais de saúde na África Subsaariana deixam seus empregos devido aos baixos salários. Um relatório da OMS de 2023 mostrou que quase 75% dos países africanos não possuem pessoal médico suficiente. Embora a pandemia de COVID tenha resultado em mais profissionais de saúde em algumas regiões, muitos ainda decidem se mudar.

A escassez de profissionais de saúde gera grandes problemas. Torna-se mais difícil reduzir as mortes infantis e conter a disseminação de doenças. Serviços essenciais como vacinação também são prejudicados. Camarões tem menos de sete enfermeiros para cada 10.000 pessoas. A vizinha Nigéria possui mais que o dobro desse número, e o Canadá tem mais de 14 vezes mais.

O Ministério da Saúde do Canadá reconhece que enfrenta uma escassez de trabalhadores. Dados do Statistics Canada indicam que mais de 30.000 vagas para enfermeiros estão desocupadas. O Canadá segue o código da OMS, o que significa que recruta trabalhadores de maneira ética e colabora para melhorar os sistemas de saúde em países em desenvolvimento. No ano passado, o Canadá doou cerca de $2,2 milhões ao ministério da saúde de Camarões e forneceu equipamentos médicos e de monitoramento.

O investimento é insuficiente para atender às necessidades. O Dr. Peter Louis Ndifor, do Conselho Médico de Camarões, afirmou que o governo contrata cerca de 100 médicos por ano. Isso para uma população de aproximadamente 28 milhões de pessoas. O setor privado contrata ainda menos profissionais médicos.

Nova Escócia, uma província no Canadá com menos de um milhão de habitantes, contratou cerca de 155 médicos no ano passado. Ndifor, que administra uma clínica médica privada em Camarões, conhece bem o problema da perda de profissionais de saúde. Quando jovens médicos partem após muitos anos de treinamento, isso cria dificuldades significativas.

Camarões enfrenta um grande problema com seu sistema de saúde. As Nações Unidas afirmam que mais de 210 centros de saúde estão fora de operação. Isso ocorre devido aos combates na parte ocidental do país. Milhares de pessoas já morreram nesse conflito ao longo dos últimos anos.

Tumenta Kennedy, consultor de migração em Camarões, afirma que o Canadá é uma opção popular para as pessoas. Agências canadenses frequentemente recrutam médicos e enfermeiros locais. Ter familiares já estabelecidos no Canadá também facilita o processo. Programas de imigração como o Programa Federal de Trabalhador Qualificado e o Express Entry são bastante ativos. Muitos camaroneses se inscrevem neles.

Em 2022, mais de 1.800 novos residentes permanentes chegaram ao Canadá para trabalhar como enfermeiros registrados vindos de outros países. Inès Kingue, uma técnica de laboratório médico de Douala, deseja se juntar a eles. Apesar de ter dois mestrados, ela tem sido estagiária nos últimos quatro anos e ganha menos de 200 dólares por mês. Uma colega lhe contou sobre oportunidades de treinamento no Canadá.

Pontos Principais:

  • Os enfermeiros em Camarões ganham menos de US$ 100 por mês.
  • 75% dos países africanos enfrentam escassez de profissionais de saúde.
  • O Canadá tem mais de 30.000 vagas de enfermagem não preenchidas.
  • O conflito em Camarões fechou 210 unidades de saúde.
  • Mais de 1.800 enfermeiros estrangeiros se mudaram para o Canadá em 2022.

O Ministério da Saúde de Camarões não respondeu às perguntas sobre a saída de profissionais de saúde do país. As pessoas ainda estão em busca de melhores oportunidades de emprego.

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