Astrônomos descobrem padrão de rotação inesperado em estrela próxima na constelação de Hércules

Tempo de leitura: 2 minutos
Por Bia Chacu
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Estrela V889 Herculis com padrão de rotação incomum destacado

São PauloAstrônomos da Universidade de Helsinque descobriram que a estrela próxima V889 Herculis, situada a cerca de 115 anos-luz na constelação de Hércules, possui um padrão de rotação diferente em comparação com estrelas como o nosso Sol. Eles observaram uma forma única de rotação desta estrela.

  • A estrela gira mais rapidamente a uma latitude de aproximadamente 40 graus.
  • A taxa de rotação diminui tanto no equador quanto nas regiões polares.
  • Esse perfil não foi observado em outras estrelas nem previsto por simulações.

Essa descoberta altera nosso entendimento sobre a rotação das estrelas. Antes, cientistas acreditavam dominar o tema, observando que estrelas como o Sol giram mais rápido no equador e mais devagar nos polos. A equipe liderada por Mikko Tuomi utilizou um novo método estatístico para identificar esses padrões inusitados. Segundo Tuomi, isso demonstra que ainda temos muito a aprender sobre o funcionamento das estrelas e a produção de campos magnéticos.

Estrelas, incluindo o Sol, são compostas de plasma e não possuem superfícies sólidas. Sua rotação é influenciada por processos de convecção que mudam de direção em diferentes latitudes. Esse fenômeno, chamado rotação diferencial, é afetado por fatores como massa, idade, composição química, período de rotação e campos magnéticos. A estranha rotação de V889 Herculis indica que esses fatores nem sempre agem como o esperado.

A equipe de pesquisa, incluindo Thomas Hackman, utilizou um novo método para estudar a rotação das estrelas. Este método observa as variações no brilho de uma estrela ao longo do tempo, causadas por manchas na superfície da estrela que se movem por diferentes latitudes. Eles também estudaram outra estrela chamada LQ Hydrae, que demonstrou ter uma rotação mais uniforme do equador aos polos.

Observações estelares foram realizadas no Observatório Fairborn com telescópios robóticos ao longo de 30 anos. Esses dados a longo prazo foram essenciais para compreender o comportamento das estrelas. Gregory Henry, astrônomo sênior da Universidade do Tennessee, liderou essa pesquisa em Fairborn e fez contribuições significativas.

Estas descobertas são relevantes por diversas razões:

  • Proporcionam novas compreensões sobre a dinâmica interna das estrelas.
  • Podem influenciar a previsão de atividades solares, como manchas solares e erupções.
  • Levantam questões sobre os fatores que afetam a rotação estelar.

V889 Herculis e LQ Hydrae são estrelas jovens, com cerca de 50 milhões de anos, semelhantes ao Sol em sua fase inicial. Elas giram rapidamente, completando uma rotação em aproximadamente 1,5 dias. Estudar essas estrelas por um longo período nos ajuda a entender melhor como as estrelas funcionam.

Os resultados de Helsinki demonstram que pequenos observatórios terrestres continuam sendo cruciais para a pesquisa astrofísica básica, mesmo com os avançados telescópios espaciais atuais. Essa descoberta nos ajuda a compreender melhor como as estrelas giram e o que controla esse processo, destacando a necessidade de contínuas observações detalhadas e de novos métodos de análise.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1051/0004-6361/202449861

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Mikko Tuomi, J. Jyri Lehtinen, W. Gregory Henry, Thomas Hackman. Characterising the stellar differential rotation based on largest-spot statistics from ground-based photometry. Astronomy & Astrophysics, 2024; DOI: 10.1051/0004-6361/202449861
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