Segredo das proteínas: evolução do sensor de frio humano pode levar a analgésicos mais seguros

Tempo de leitura: 2 minutos
Por João Silva
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Molécula de proteína com fundo temático de frio e conceito de alívio da dor.

São PauloPesquisa recente descobriu mais sobre uma proteína humana que nos ajuda a sentir frio. Isso pode levar à criação de novos medicamentos para dor que não são viciantes. Atualmente, muitos analgésicos são opioides, que podem causar dependência e overdose. Novos tratamentos para dor poderiam revolucionar o manejo da dor crônica.

Aqui estão os principais pontos do estudo:

  • O TRPM8 é a proteína responsável por detectar frio e mentol.
  • A pesquisa foi conduzida por Wade Van Horn na Universidade Estadual do Arizona.
  • O estudo foi publicado na Science Advances em 21 de junho.
  • Para estudar a evolução da proteína, eles usaram reconstrução de sequência ancestral.
  • As descobertas mostram que, originalmente, o TRPM8 era um sensor químico, e não um sensor de temperatura.

A equipe de pesquisa utilizou técnicas de bioquímica e biofísica para estudar como o TRPM8 evoluiu ao longo de milhões de anos. Comparando as sequências das proteínas atuais, eles previram a aparência das proteínas antigas. Essas informações ajudam a entender o funcionamento do TRPM8 nos dias de hoje.

Wade Van Horn mencionou que, se os cientistas conseguirem distinguir a forma como o corpo percebe substâncias químicas que causam sensação de frio e como ele sente o frio real, poderão desenvolver medicamentos sem efeitos colaterais. Isso é fundamental, pois os medicamentos que miram o TRPM8 atualmente causam problemas na regulação da temperatura.

Encostar em um objeto frio, como uma mesa de metal, pode ativar a proteína TRPM8. Para pacientes com câncer que estão recebendo quimioterapia, isso pode causar dor. A TRPM8 também está associada a outros tipos de dor, como a dor neuropática crônica e a dor inflamatória. Ao compreender melhor essa proteína, podemos desenvolver maneiras mais eficazes de controlar a dor.

O estudo consistiu em inserir proteínas TRPM8 ancestrais em células humanas e analisá-las por meio de métodos de testes celulares e elétricos. Dustin Luu, o autor principal, destacou que descobriram que a detecção de mentol existe há muito mais tempo que a sensibilidade ao frio. Isso implica que, com mais pesquisas, talvez seja possível separar essas funções.

Banu Ozkan, outra pesquisadora, mencionou a utilização da análise de dinâmica comparativa. Este método confirma os resultados experimentais e auxilia na identificação das principais áreas responsáveis pela percepção de temperatura. Eles planejam testar essas áreas em futuros experimentos.

Os estudos sobre proteínas ancestrais trazem benefícios significativos. Eles permitem que os pesquisadores concentrem-se em linhagens específicas, como o TRPM8 humano, e reduzam preocupações com as diferenças entre espécies, como entre camundongos e seres humanos.

Esta pesquisa destaca a colaboração entre a biologia evolutiva e a medicina moderna. Entender o TRPM8 e suas funções pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos para a dor que não sejam viciantes. Estas descobertas trazem esperança para milhões de pessoas que sofrem com dores crônicas.

O estudo apresenta uma nova abordagem para o manejo da dor, focada na proteína TRPM8, sem alterar a temperatura corporal. Diferentemente dos tratamentos atuais, esse método evidencia a capacidade da ciência de encontrar soluções mais seguras. Os pesquisadores pretendem usar essas descobertas para desenvolver novos medicamentos que ofereçam alívio sem os efeitos colaterais nocivos dos tratamentos atuais.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1126/sciadv.adm9228

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Dustin D. Luu, Nikhil Ramesh, I. Can Kazan, Karan H. Shah, Gourab Lahiri, Miyeko D. Mana, S. Banu Ozkan, Wade D. Van Horn. Evidence that the cold- and menthol-sensing functions of the human TRPM8 channel evolved separately. Science Advances, 2024; 10 (25) DOI: 10.1126/sciadv.adm9228
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