Rota terrestre na África dobra risco para migrantes, diz ONU

Por Ana Silva
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Estrada deserta com placas de aviso e pertences abandonados.

São PauloONU: Viajar pela África é duas vezes mais letal para migrantes que cruzar o Mediterrâneo

A ONU estima que viajar pela África está duas vezes mais mortal para os migrantes em comparação com a travessia do Mediterrâneo. Refugiados e migrantes estão cada vez mais transitando por regiões com grupos armados, milícias e outros criminosos. Essas áreas são repletas de perigos, como tráfico humano, sequestro por resgate, trabalho forçado e exploração sexual.

Um relatório recente destaca perigos semelhantes aos de outro estudo realizado há quatro anos. Os autores reconhecem que não há estatísticas completas sobre mortes nas rotas terrestres africanas. No entanto, o ACNUR relatou um grande aumento de refugiados e solicitantes de asilo na Tunísia. A Tunísia é um país de trânsito crucial para migrantes que seguem para a Europa. O número de refugiados e solicitantes de asilo na Tunísia mais que triplicou entre 2020 e 2023.

Principais pontos do relatório incluem:

  • Aumentam os perigos das rotas terrestres rumo ao Mediterrâneo.
  • Mais de 72.000 migrantes e refugiados cruzaram o Mediterrâneo no primeiro semestre do ano.
  • 785 pessoas morreram ou desapareceram durante a travessia do Mediterrâneo nesse mesmo período.

Vincent Cochetel, representante da ONU, afirma que é extremamente perigoso para as pessoas cruzarem o Deserto do Saara. Ele relata histórias de migrantes e refugiados que conseguiram sobreviver. Segundo Cochetel, alguns coiotes abandonam pessoas doentes no deserto e às vezes não voltam para resgatar aqueles que caem dos caminhões. Ele destaca que quase todos que atravessaram o Saara conhecem alguém que morreu durante a travessia. No entanto, Cochetel observa que poucas pessoas mencionam as mortes no mar após chegarem a lugares como Lampedusa, uma ilha italiana.

No ano passado, mais de 3.100 pessoas perderam a vida ao tentar cruzar o Mediterrâneo, segundo relatório divulgado no início deste ano pela Organização Internacional para as Migrações da ONU. O levantamento recente, baseado em entrevistas com mais de 31.000 indivíduos, aponta que os esforços internacionais têm sido insuficientes. O documento evidencia falhas graves na proteção e no apoio oferecidos àqueles que se arriscam nessas viagens perigosas.

Entre janeiro de 2020 e maio de 2024, pelo menos 1.180 pessoas morreram ao tentar cruzar o Deserto do Saara. No entanto, esse número provavelmente é maior. O relatório busca destacar os perigos frequentemente ignorados dessas rotas terrestres, enfatizando que a ameaça é real e está se agravando.

O estudo ressalta a necessidade de maior atenção global. Caminhos de migração perigosos estão causando muitas mortes. Embora as travessias marítimas recebam mais destaque na mídia, as rotas terrestres precisam de ajuda imediata. O relatório pede ações urgentes para proteger migrantes e refugiados vulneráveis.

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