Dispositivo vestível detecta fibrilação atrial com mais precisão, mas não reduz hospitalizações por AVC

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Por João Silva
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Monitor cardíaco vestível detectando fibrilação atrial com gráfico.

São PauloUm estudo recente do Instituto de Pesquisa Clínica de Duke revelou que monitores cardíacos vestíveis identificam fibrilação atrial (FA) com uma precisão 52% maior do que os métodos tradicionais. No entanto, apesar de detectarem mais casos de FA, não houve redução nas hospitalizações relacionadas a acidentes vasculares cerebrais. Isso indica que, embora a tecnologia melhore a detecção de FA, ela não resulta em melhores resultados na prevenção de AVCs.

Principais resultados do estudo incluem:

  • O uso de dispositivos vestíveis aumentou em 52% os diagnósticos de fibrilação atrial.
  • Não foi observada redução significativa nas hospitalizações relacionadas a derrames.
  • Devido à pandemia de COVID-19, o estudo foi interrompido precocemente, dificultando conclusões definitivas sobre a redução de derrames.

O estudo envolveu cerca de 12.000 pacientes americanos com 70 anos ou mais e sem histórico de fibrilação atrial (AFib). Metade deles utilizou um dispositivo de monitoramento contínuo por 14 dias, enquanto a outra metade recebeu o atendimento tradicional. Após um acompanhamento médio de 15 meses, o grupo com dispositivos de monitoramento apresentou mais diagnósticos de AFib em comparação ao grupo de atendimento regular. No entanto, não houve redução perceptível em derrames ou hospitalizações relacionadas.

O médico e pesquisador Renato Lopes destacou a necessidade de provas mais claras para determinar se o rastreamento e o tratamento regulares da fibrilação atrial (FA) podem reduzir o risco de AVC. Ele observou que, embora a FA aumente significativamente a chance de um AVC isquêmico, que na maioria das vezes pode ser prevenido com anticoagulantes orais, ainda há dúvida sobre o valor de rastrear todos para FA.

Esta pesquisa destaca pontos importantes. Primeiro, dispositivos vestíveis podem detectar ritmos cardíacos irregulares, mas apenas identificar a fibrilação atrial não é suficiente. Precisamos de bons procedimentos médicos e da cooperação dos pacientes após o diagnóstico para realmente ajudar. Segundo, o uso de soluções digitais de saúde online, como feito neste estudo, é conveniente e pode ser facilmente ampliado. Essa abordagem pode beneficiar tanto a pesquisa futura quanto o cuidado diário com a saúde.

O estudo demonstra que a realização de grandes ensaios é essencial para obter resultados confiáveis. Embora tenha contado com 12.000 pacientes, a meta inicial era envolver 52.000 para medir adequadamente como a triagem de fibrilação atrial afeta as taxas de AVC. Estudos futuros precisam atingir esses números maiores para fornecer respostas claras.

O financiamento deste estudo veio da aliança entre Bristol-Myers Squibb e Pfizer, contando com a colaboração de diversos pesquisadores renomados. Isso demonstra a importância do trabalho em equipe para compreender a triagem da fibrilação atrial e seu impacto na saúde pública.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1016/j.jacc.2024.08.019

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Renato D. Lopes, Steven J. Atlas, Alan S. Go, Steven A. Lubitz, David D. McManus, Rowena J. Dolor, Ranee Chatterjee, Michael B. Rothberg, David R. Rushlow, Lori A. Crosson, Ronald S. Aronson, Michael Patlakh, Dianne Gallup, Donna J. Mills, Emily C. O’Brien, Daniel E. Singer. Effect of Screening for Undiagnosed Atrial Fibrillation on Stroke Prevention. Journal of the American College of Cardiology, 2024; DOI: 10.1016/j.jacc.2024.08.019
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