Desvendando a chave molecular da esclerose múltipla e doenças autoimunes

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Por Alex Morales
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Microscópio revelando a estrutura molecular de PRDM1-S em células.

São PauloEstudo da Yale revela falha em células reguladoras T em doenças autoimunes

Um estudo recente publicado na Science Translational Medicine por pesquisadores da Yale identificou uma razão crucial pela qual as células T reguladoras (Tregs) não funcionam corretamente em doenças autoimunes como a esclerose múltipla (EM). Eles descobriram que uma proteína chamada PRDM1-S, ou BLIMP-1, é muito mais comum em pessoas com EM do que naquelas sem a doença.

David Hafler e sua equipe em Harvard descobriram que as células T reguladoras são essenciais para manter o sistema imunológico sob controle, evitando reações exageradas. Quando essas células não funcionam corretamente, podem causar doenças autoimunes como a esclerose múltipla (EM). Até agora, a causa exata desse mau funcionamento era desconhecida.

Estudo da Yale revela ligação entre PRDM1-S e a enzima sensível ao sal SGK-1. Veja como o processo funciona:

  • Níveis elevados de sal aumentam a expressão de PRDM1-S.
  • PRDM1-S, por sua vez, eleva a produção de SGK-1.
  • Níveis elevados de SGK-1 prejudicam a função das células T reguladoras.

O consumo elevado de sal, além de prejudicar a saúde cardíaca, agora também está associado ao agravamento de doenças autoimunes. Isso ocorre porque o sal interfere nas funções regulatórias de certas células imunológicas chamadas Tregs, que normalmente ajudam a controlar o sistema imunológico. Este fato demonstra como fatores ambientais, como a dieta, podem interagir com predisposições genéticas para desencadear doenças autoimunes.

Esta descoberta é significativa porque demonstra como a dieta pode ajudar a gerenciar e prevenir doenças autoimunes. Dietas ricas em sal, comuns em países ocidentais, podem não apenas causar hipertensão, mas também aumentar a probabilidade de desenvolver doenças autoimunes ao afetar a função das células T reguladoras (Treg).

A equipe de pesquisa está desenvolvendo medicamentos para reduzir os níveis de PRDM1-S, o que pode restaurar a função adequada das Tregs. Esse método pode se tornar um tratamento geral para diversas doenças autoimunes, e não apenas para a esclerose múltipla.

Essa nova compreensão permite um cuidado médico mais personalizado. Se os médicos percebem que o alto consumo de sal de um paciente está agravando sua condição, eles podem fornecer orientações específicas sobre dieta e mudanças no estilo de vida, além de prescrever os medicamentos necessários.

Pesquisadores do Broad Institute e de outras instituições uniram forças para reforçar esses achados. Eles utilizaram novos métodos computacionais para melhorar a função das Tregs, o que pode resultar em novos tratamentos para doenças autoimunes que abordam a raiz do problema em vez de apenas tratar os sintomas.

A ligação entre PRDM1-S e SGK-1 representa uma nova perspectiva para compreender e tratar doenças autoimunes. Essa descoberta destaca a importância dos genes e do estilo de vida na saúde, abrindo caminho para tratamentos mais precisos e personalizados.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1126/scitranslmed.adp1720

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Tomokazu S. Sumida, Matthew R. Lincoln, Liang He, Yongjin Park, Mineto Ota, Akiko Oguchi, Raku Son, Alice Yi, Helen A. Stillwell, Greta A. Leissa, Keishi Fujio, Yasuhiro Murakawa, Alexander M. Kulminski, Charles B. Epstein, Bradley E. Bernstein, Manolis Kellis, David A. Hafler. An autoimmune transcriptional circuit drives FOXP3 + regulatory T cell dysfunction. Science Translational Medicine, 2024; 16 (762) DOI: 10.1126/scitranslmed.adp1720
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