Detectando mieloma múltiplo agressivo: novas descobertas científicas trazem esperança

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Por João Silva
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Visão microscópica de células de câncer de mieloma múltiplo.

São PauloMieloma múltiplo é um tipo comum de câncer que afeta as células imunológicas na medula óssea. Embora o tratamento inicial possa ser eficaz, a doença frequentemente retorna, tornando a cura um desafio. Pesquisadores da Charité – Universitätsmedizin Berlin, do Instituto de Saúde de Berlim na Charité (BIH) e do Centro Max Delbrück estão investigando essa doença em nível molecular. As descobertas foram publicadas na revista Nature Cancer.

Mieloma múltiplo: Células cancerígenas transformando a medula óssea

O mieloma múltiplo começa quando uma célula plasmática na medula óssea se transforma em uma célula cancerígena. Essas células plasmáticas são responsáveis por produzir anticorpos que ajudam o corpo a combater infecções. No mieloma múltiplo, essas células cancerígenas se multiplicam rapidamente e formam tumores em várias partes da medula óssea, ocasionando diversos problemas.

Pessoas com essa condição podem ter o sistema imunológico debilitado, problemas nos rins, ossos fragilizados e uma maior probabilidade de fraturas ósseas.

Apesar dos avanços em tratamentos como terapias genéticas e celulares, ainda não existe uma cura para o mieloma múltiplo. Os pesquisadores Jan Krönke da Charité e Dr. Philipp Mertins do Centro Max Delbrück estão em busca de novas formas de diagnosticar e tratar essa doença.

Mieloma múltiplo varia de pessoa para pessoa. Alguns tumores crescem lentamente, enquanto outros se desenvolvem rapidamente. Isso dificulta prever a progressão da doença e escolher o melhor tratamento. Os pesquisadores queriam entender por que existe tanta variação.

Eles investigaram mudanças genéticas e moleculares em células tumorais de mais de 100 pacientes. Os dados foram fornecidos pelo German Multiple Myeloma Study Group (DSMM) do Hospital Universitário de Würzburg. Os dados clínicos incluíam pacientes que receberam tratamento padrão por mais de oito anos após o diagnóstico inicial.

Cientistas já estudaram extensivamente como mudanças genéticas afetam proteínas em outros tipos de câncer, mas esta pesquisa é a primeira a investigar profundamente o mieloma múltiplo. Mertins menciona que dados genéticos por si só não podem explicar completamente os mecanismos da doença. A equipe de pesquisa buscou entender como as alterações genéticas influenciam as proteínas.

Os pesquisadores utilizaram ferramentas avançadas para analisar as proteínas em células plasmáticas mutadas e as compararam com células normais. Alterações nos genes e nos sinais celulares podem fazer com que as células cancerígenas cresçam. O estudo revelou que a regulação das proteínas tem um papel crucial nesse processo.

O estudo descobriu novas abordagens para criar tratamentos mais eficazes e de fácil tolerância. Esses métodos inovadores incluem terapias imunológicas, como a terapia com células CAR T. Os pesquisadores agora estão avaliando quais estruturas-alvo identificadas são apropriadas para novas opções de tratamento.

Dra. Evelyn Ramberger, principal autora do estudo, destaca a importância da pesquisa tanto para objetivos acadêmicos quanto práticos. Os pesquisadores desenvolveram uma ferramenta online fácil de usar e gratuita para todos. Esta ferramenta simplifica o conjunto de dados complexos e auxiliará os cientistas a criar novos tratamentos e testes para direcionar o tratamento do câncer.

A importância da Espectrometria de Massas no Estudo de Biomoléculas

A espectrometria de massas desempenhou um papel crucial no estudo. Esta técnica permite analisar a massa de moléculas e átomos. O processo envolve a transformação da substância em gás e sua ionização. Os íons formados são acelerados por um campo elétrico e separados de acordo com sua razão massa-carga. Essa metodologia é fundamental para detectar, descrever e medir biomoléculas como proteínas, metabólitos, açúcares e gorduras.

Os pesquisadores descobriram novas informações sobre o mieloma múltiplo, o que permitirá diagnósticos e tratamentos mais precisos.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s43018-024-00784-3

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Evelyn Ramberger, Valeriia Sapozhnikova, Yuen Lam Dora Ng, Anna Dolnik, Matthias Ziehm, Oliver Popp, Eric Sträng, Miriam Kull, Florian Grünschläger, Josefine Krüger, Manuela Benary, Sina Müller, Xiang Gao, Arunima Murgai, Mohamed Haji, Annika Schmidt, Raphael Lutz, Axel Nogai, Jan Braune, Dominik Laue, Christian Langer, Cyrus Khandanpour, Florian Bassermann, Hartmut Döhner, Monika Engelhardt, Christian Straka, Michael Hundemer, Dieter Beule, Simon Haas, Ulrich Keller, Hermann Einsele, Lars Bullinger, Stefan Knop, Philipp Mertins, Jan Krönke. The proteogenomic landscape of multiple myeloma reveals insights into disease biology and therapeutic opportunities. Nature Cancer, 2024; DOI: 10.1038/s43018-024-00784-3
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