Repensando o carbono zero: por que confiar apenas em sumidouros naturais não basta

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Por Ana Silva
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Floresta com maquinário de captura de carbono e armazenamento subterrâneo.

São PauloEstratégias de neutralidade de carbono estão sendo analisadas de perto, pois dependem de sumidouros naturais de carbono, como florestas e oceanos. Embora esses sumidouros sejam essenciais para a redução do CO2 atmosférico, eles são frequentemente usados de maneira inadequada como justificativa para a continuidade das emissões de combustíveis fósseis. Esse uso indevido pode comprometer a eficácia das promessas de neutralidade climática em deter o aquecimento global. Um estudo da Universidade de Oxford, publicado na revista Nature, destaca a diferença entre o que se declara e o que realmente se alcança em termos de neutralidade de carbono.

Motivos para Repensar a Dependência de Sumidouros de Carbono Naturais

Países e empresas muitas vezes consideram que o uso de sumidouros naturais de carbono reduz diretamente as emissões devido a regras contábeis atuais. No entanto, essa abordagem não é eficaz porque não diminui realmente a quantidade de CO2 na atmosfera. Existem razões importantes para não depender apenas de sumidouros naturais na busca por emissões líquidas zero.

Os sumidouros naturais não conseguem lidar com os atuais níveis de emissões de combustíveis fósseis. Os processos naturais, como a absorção de CO2 por terras e oceanos, já estão no limite de sua capacidade. Compensações sem armazenamento permanente não interrompem as mudanças climáticas a longo prazo.

Plano para Emissões Zero: A Meta de Neutralizar o Carbono

O plano do Net Zero Geológico busca controlar as emissões de carbono através da captura e armazenamento de dióxido de carbono no subsolo. O objetivo é equilibrar o carbono emitido pela queima de combustíveis fósseis. Para alcançar esse equilíbrio, é necessário reduzir o uso desses combustíveis e investir em tecnologias melhores para capturar e armazenar CO2. O armazenamento geológico é mais confiável do que métodos naturais, pois mantém o CO2 armazenado permanentemente.

É fundamental sermos transparentes e sinceros ao relatar as emissões de gases de efeito estufa e ao gerenciar projetos de compensação de carbono. Apoiar-se excessivamente em métodos naturais para absorver carbono, em vez de focar em reduções efetivas no uso de combustíveis fósseis, pode diminuir o progresso verdadeiro na redução de emissões. Isso também coloca os recursos naturais em risco de serem sobrecarregados.

Desafios com Soluções de Carbono Baseadas na Terra

A disponibilidade de terras é um grande desafio para usar estratégias naturais de compensação de emissões de carbono. Precisamos de terra para agricultura, proteção da vida selvagem e atender às necessidades humanas; portanto, confiar em soluções baseadas na terra não é prático. Com o aumento populacional e questões climáticas como incêndios florestais e secas, o problema só se agrava.

É crucial proteger as áreas naturais que absorvem carbono. Contudo, também precisamos nos concentrar em armazenar carbono no subsolo e em reduzir significativamente o uso de combustíveis fósseis para realmente mitigar o aquecimento global. Governos e empresas devem revisar e atualizar seus planos para alcançar a emissão líquida zero de forma mais eficaz e sustentável, sem depender apenas da natureza.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41586-024-08326-8

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Myles R. Allen, David J. Frame, Pierre Friedlingstein, Nathan P. Gillett, Giacomo Grassi, Jonathan M. Gregory, William Hare, Jo House, Chris Huntingford, Stuart Jenkins, Chris D. Jones, Reto Knutti, Jason A. Lowe, H. Damon Matthews, Malte Meinshausen, Nicolai Meinshausen, Glen P. Peters, Gian-Kasper Plattner, Sarah Raper, Joeri Rogelj, Peter A. Stott, Susan Solomon, Thomas F. Stocker, Andrew J. Weaver, Kirsten Zickfeld. Geological Net Zero and the need for disaggregated accounting for carbon sinks. Nature, 2024; DOI: 10.1038/s41586-024-08326-8
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