Pesquisadores utilizam aplicativo para rastrear incêndios durante estação de fumaça.

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Por Ana Silva
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Paisagem coberta de fumaça com pontos de incêndio delimitados em um mapa.

São PauloDe fevereiro a abril, Chiang Mai, na Tailândia, enfrenta uma severa poluição do ar. Nesse período, a cidade frequentemente apresenta a pior poluição do ar do mundo. Nos meses de março e abril, os níveis de poluição são cerca de 20 vezes superiores ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde.

Chiang Mai está empenhada em diminuir a poluição do ar, pois a qualidade do ar é muito ruim e há esforços significativos tanto da comunidade local quanto do governo para resolver o problema.

O Primeiro-Ministro Srettha Thavisin apoia essas iniciativas. Desde o último verão, ele já visitou Chiang Mai quatro vezes. Ele afirma que Chiang Mai é um bom exemplo para outras regiões da Tailândia. No outono passado, ele prometeu trabalhar em leis para ar puro.

Nos últimos vinte anos, a poluição do ar tem sido uma grande questão na Tailândia. Apesar dos esforços para estudá-la e combatê-la, o problema persiste. No norte do país, os agricultores costumam ser culpados pela poluição. Eles queimam restos de plantações de milho, o que gera partículas nocivas. Embora existam alternativas como o biochar, essas exigem mais trabalho e são difíceis de implementar nas áreas montanhosas.

A CP Foods, uma grande empresa agroalimentar, afirma ter uma solução para evitar a compra de milho proveniente de terras queimadas. Em março, o Primeiro-Ministro Srettha anunciou um plano para parar de importar milho dessas áreas. O problema também ocorre em Mianmar e Laos, onde a queima de restolho é comum. Srettha formou um grupo com esses países e solicitou que o Camboja se junte ao esforço.

Um estudo da Universidade de Chiang Mai revelou que mais de 51% da névoa provém da queima de material vegetal. Cerca de 23% é causado por poluição trazida de outros países. No norte da Tailândia, o fogo é utilizado para o manejo florestal, cultivo de cogumelos e caça. O fogo também é um meio de protesto. Em 2018, moradores locais protestaram contra um complexo judiciário construído em terras de floresta protegida, ateando fogo nas proximidades do local, e esses incêndios continuam a ocorrer anualmente em protesto.

A Tailândia implementou uma proibição nacional de queimadas em 2013. As pessoas começaram a queimar antes e depois do período de proibição, prolongando a temporada de névoa. Posteriormente, a província de Chiang Mai permitiu queimadas controladas, desde que fossem registradas previamente. Os incêndios são registrados usando o FireD, um aplicativo da Universidade de Chiang Mai. O aplicativo prevê se uma queimada aumentará a poluição ou se a fumaça será levada pelo vento.

Apesar do aplicativo, muitos incêndios ainda não são reportados. Os pesquisadores enxergam o aplicativo de forma positiva, uma vez que ele muda a percepção do fogo de algo prejudicial para algo necessário. No entanto, os moradores consideram a burocracia confusa e não compreendem as políticas governamentais atuais.

Chayaporn Tiengtrongsakun, o chefe da aldeia, cuidou da documentação para 100 famílias este ano. Essas famílias precisavam de autorização para queimar seus campos. Muitos moradores não falam tailandês ou não entendem a papelada.

Pesquisadores afirmam que os formuladores de políticas devem considerar as condições de vida das pessoas. A política e a economia tornam isso complicado. Muitas pessoas ao redor de Chiang Mai vivem em grupos tribais não reconhecidos pelo governo tailandês. Outros enfrentam dificuldades para acessar uma boa educação e empregos. Queimar ainda é a forma mais eficiente e barata de agricultura, caça e manejo das florestas.

A queima continuará ocorrendo até que uma opção melhor seja encontrada.

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