Estudo revela sacrifícios ritualísticos de crianças em Chichén Itzá durante o auge maia

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Por Bia Chacu
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Templo maia antigo com céu escuro e tempestuoso.

São PauloPesquisadores descobriram novos detalhes sobre os sacrifícios de crianças em Chichén Itzá. Esta antiga cidade maia está localizada na península de Yucatán, no México. Tornou-se poderosa após o declínio do período clássico maia e foi um importante centro antes da chegada dos espanhóis. Chichén Itzá é conhecida por seus grandes edifícios e tem sido estudada por arqueólogos há mais de um século.

Um estudo recente na revista Nature investigou rituais que envolvem sacrifícios humanos no local.

Principais descobertas do estudo são:

  • Sacrifícios rituais de crianças concentravam-se exclusivamente em meninos
  • Relacionamentos de parentesco próximo entre as crianças sacrificadas, incluindo dois pares de gêmeos idênticos
  • Evidências genéticas revelam o impacto de epidemias da era colonial nas populações maias

Pesquisadores analisaram os restos mortais de 64 crianças encontradas em uma sala subterrânea, provavelmente um antigo reservatório de água, perto do Cenote Sagrado de Chichén Itzá. Esses restos datam de um período de 500 anos, principalmente entre 800 e 1000 d.C., quando Chichén Itzá estava em seu auge.

Exames genéticos revelaram que todas as crianças eram meninos. Mais testes descobriram que pelo menos um quarto deles eram intimamente relacionados, sendo alguns até gêmeos idênticos. Suas dietas semelhantes sugerem que cresceram na mesma casa. Isso levou os pesquisadores a pensar que crianças do sexo masculino e parentes eram escolhidas em pares para rituais. As descobertas indicam que o chultún foi usado como um local de sepultamento para vítimas de sacrifício escolhidas por razões específicas.

Gêmeos e seu Papel nas Histórias de Origem Maia

Os gêmeos têm um papel importante nas histórias de origem Maia. No livro sagrado K'iche' Maya chamado Popol Vuh, o sacrifício de gêmeos é um tema central. Acredita-se que os sepultamentos de gêmeos e parentes próximos em Chichén Itzá estejam ligados a esses antigos contos. Estruturas subterrâneas, vistas como portais para o submundo, também reforçam essa ideia.

Um estudo recente revela que os primeiros relatos sobre mulheres jovens e meninas serem as principais vítimas sacrificadas em Chichén Itzá estavam errados. A pesquisa destaca a estreita relação entre os sacrifícios rituais e as crenças maias sobre morte e renascimento.

Estudos revelam legado duradouro de epidemias coloniais nos maias.

Pesquisas indicam que epidemias ocorridas durante o período colonial deixaram marcas duradouras no povo maia. Cientistas identificaram alterações genéticas no sistema imunológico da comunidade maia em Tixcacaltuyub. Essas mudanças fortalecem a resistência dessas pessoas à Salmonella enterica, a bactéria responsável pela devastadora epidemia de cocoliztli em 1545. Essa epidemia, combinada com guerras e falta de alimentos, resultou em uma redução populacional de até 90%.

Novas Descobertas em DNA Antigo

Pesquisas com DNA antigo estão trazendo novas informações e mudando crenças antigas. Este campo também permite que pesquisadores indígenas compartilhem suas histórias. María Ermila Moo-Mezeta, coautora maia, destacou a importância de manter viva a história do povo maia.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41586-024-07509-7

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Rodrigo Barquera, Oana Del Castillo-Chávez, Kathrin Nägele, Patxi Pérez-Ramallo, Diana Iraíz Hernández-Zaragoza, András Szolek, Adam Benjamin Rohrlach, Pablo Librado, Ainash Childebayeva, Raffaela Angelina Bianco, Bridget S. Penman, Victor Acuña-Alonzo, Mary Lucas, Julio César Lara-Riegos, María Ermila Moo-Mezeta, Julio César Torres-Romero, Patrick Roberts, Oliver Kohlbacher, Christina Warinner, Johannes Krause. Ancient genomes reveal insights into ritual life at Chichén Itzá. Nature, 2024; DOI: 10.1038/s41586-024-07509-7
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