Novo estudo revela método para despertar células-tronco cerebrais dormentes e tratar distúrbios neurológicos
São PauloPesquisadores da Duke-NUS Medical School e da Universidade Nacional de Singapura descobriram uma nova forma de ativar células-tronco neurais inativas no cérebro. Esta descoberta pode abrir caminho para novos tratamentos para autismo, dificuldades de aprendizagem e paralisia cerebral.
Em mamíferos, inclusive humanos, as células-tronco neurais permanecem inativas até receberem sinais específicos para se ativarem. Quando isso acontece, elas criam novos neurônios que ajudam a crescer e reparar o cérebro. Esse processo é crucial, e problemas nele podem levar a declínio cognitivo e problemas de desenvolvimento no cérebro.
A equipe de pesquisa estudou as moscas-da-fruta para entender melhor como as células-tronco neurais se tornam ativas. Eles descobriram que células gliais chamadas astrocitos são importantes nesse processo. Antes conhecidas por seu suporte estrutural, os astrocitos liberam proteínas que ativam células-tronco neurais inativas.
Principais descobertas incluem:
- Os astrócitos liberam uma proteína sinalizadora chamada Folded gastrulation (Fog).
- Fog ativa a via da proteína Formina, que controla os filamentos de actina nas células-tronco neurais.
- Os filamentos de actina são fundamentais para a ativação das células-tronco neurais e para a produção de neurônios.
A descoberta revela que as proteínas GPCR desempenham um papel crucial. Essas proteínas respondem ao sinal Fog e ativam células-tronco neurais. As GPCRs são importantes em diversas funções celulares, e compreender seus efeitos nas células-tronco neurais pode revolucionar tratamentos para distúrbios relacionados. Atualmente, cerca de 34% dos medicamentos aprovados pela FDA têm como alvo as proteínas GPCR.
Compreender como as proteínas Formina e os filamentos de actina funcionam é crucial. Alterações nos níveis de Formina estão associadas a problemas no desenvolvimento cerebral, como a microcefalia. Essa descoberta pode levar a novos tratamentos utilizando medicamentos já existentes que têm como alvo a família GPCR.
Os professores Wang Hongyan e Patrick Tan afirmaram que estas descobertas ampliam nosso entendimento sobre como as células-tronco neurais se reativam. Eles acrescentaram que estas informações podem auxiliar na criação de tratamentos para problemas no desenvolvimento cerebral, além de envelhecimento e lesões no cérebro.
Pesquisadores desejam explorar mais sinais provenientes dos astrócitos que possam influenciar células-tronco neurais. Eles também planejam investigar se os mesmos processos ocorrem no desenvolvimento do cérebro humano. Este estudo representa um avanço na compreensão do comportamento das células cerebrais e pode abrir caminho para novos tratamentos para condições neurológicas.
O estudo é publicado aqui:
http://dx.doi.org/10.1126/sciadv.adl4694e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é
Kun-Yang Lin, Mahekta R. Gujar, Jiaen Lin, Wei Yung Ding, Jiawen Huang, Yang Gao, Ye Sing Tan, Xiang Teng, Low Siok Lan Christine, Pakorn Kanchanawong, Yusuke Toyama, Hongyan Wang. Astrocytes control quiescent NSC reactivation via GPCR signaling–mediated F-actin remodeling. Science Advances, 2024; 10 (30) DOI: 10.1126/sciadv.adl4694Compartilhar este artigo