Nova pesquisa registra primeiro vídeo de tubarão-frade sendo atingido por barco na Irlanda

Tempo de leitura: 2 minutos
Por Bia Chacu
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Barco colidindo com tubarão-frade em água clara.

São PauloPesquisadores recentemente capturaram o primeiro vídeo de um grande animal marinho, um tubarão-frade, sendo atingido por um barco. Isso ocorreu na costa da Irlanda em abril, poucas horas após terem marcado o tubarão em extinção. Os dados e o vídeo, registrados por uma etiqueta com câmera e monitor de atividade, fornecem novas informações sobre como colisões com barcos afetam a vida marinha.

Tubarão-frade é atingido por barco e muda comportamento

O tubarão-frade, uma fêmea com cerca de 7 metros de comprimento, estava se alimentando próximo à superfície quando foi atingido por um barco. De acordo com dados do monitor de atividade, o tubarão exibiu uma mudança drástica de comportamento:

  • Inicialmente, alimentava-se normalmente na superfície.
  • Após o impacto, nadou rapidamente para águas mais profundas e afastadas da costa.
  • Danos visíveis incluíam marcas de tinta e uma abrasão avermelhada, mas sem sangramento.
  • A tag estava programada para se soltar automaticamente após algumas horas.

Taylor Chapple, da Universidade Estadual do Oregon e principal autor do estudo, destaca que esta é a primeira vez que uma colisão de um navio com um grande animal marinho é registrada diretamente. Chapple e sua equipe, composta por pesquisadores do Trinity College Dublin e da Universidade de Stanford, divulgaram os resultados na publicação Frontiers in Marine Science.

O aumento das colisões com embarcações se tornou um problema global. Os tubarões-frade, que são o segundo maior peixe do mundo, frequentemente nadam perto da superfície e correm o risco de serem atingidos. Diferente das baleias, os tubarões-frade mortos costumam afundar, dificultando a contagem de quantos perecem devido a esses acidentes.

Desde 2022, a Irlanda protege os tubarões-frade sob a Lei da Vida Selvagem. Neste ano, o governo irlandês estabeleceu o primeiro Parque Marinho Nacional no Condado de Kerry, abrangendo 70.000 acres. Este parque serve como lar sazonal para esses tubarões. Após a criação do parque, Chapple e sua equipe estudaram os tubarões para entender melhor seus hábitos alimentares.

Os pesquisadores usaram uma câmera e um monitor de atividade, similar a um Fitbit, para marcar o tubarão. Os dados revelaram que o tubarão não voltou ao seu comportamento normal após ser marcado. Nicholas Payne, do Trinity College Dublin, comentou que a reação do tubarão evidencia sua vulnerabilidade e a necessidade de maior conscientização e de medidas protetivas.

Pesquisadores enfatizam a necessidade de mais estudos sobre a interação das pessoas com os tubarões-frade. Alexandra McInturf do Big Fish Lab na Oregon State University destaca a importância de saber com que frequência esses tubarões ficam perto da superfície sem serem avistados, com o objetivo de protegê-los.

O estudo revela os perigos enfrentados pelos tubarões-frade e destaca a necessidade de proteger esses animais ameaçados. Para desenvolver planos eficazes de conservação, precisamos entender melhor seus comportamentos e o impacto das atividades humanas sobre eles.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.3389/fmars.2024.1430961

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Taylor K. Chapple, David E. Cade, Jeremy Goldbogen, Nick Massett, Nicholas Payne, Alexandra G. McInturf. Behavioral response of megafauna to boat collision measured via animal-borne camera and IMU. Frontiers in Marine Science, 2024; 11 DOI: 10.3389/fmars.2024.1430961
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