Estudo revela que padrão cerebral pode predispor à depressão através de ressonâncias magnéticas repetidas

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Por João Silva
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Ressonância cerebral destacando vias neurais relacionadas à depressão.

São PauloPesquisadores da Weill Cornell Medicine identificaram um padrão cerebral que pode predispor algumas pessoas à depressão. Eles realizaram várias ressonâncias magnéticas ao longo de 18 meses em um grupo de pacientes. Descobriram que indivíduos com depressão apresentam uma rede de saliência maior no cérebro em comparação àqueles sem a doença.

O crescimento da rede de saliência pode aumentar o risco de depressão. Essa rede envolve áreas no córtex frontal e no estriado, que ajudam a processar recompensas e identificar estímulos importantes. A expansão dessa rede pode explicar sintomas principais da depressão, como a anedonia, que é a perda da capacidade de sentir prazer.

Principais descobertas do estudo incluem:

  • A rede de saliência é cerca de duas vezes maior em pessoas com depressão.
  • Crianças com uma rede de saliência maior podem ter maior probabilidade de desenvolver depressão na vida adulta.
  • Esta característica cerebral está envolvida no processamento de recompensas e na alocação de atenção.

Esta pesquisa revela que os padrões de atividade cerebral variam significativamente entre as pessoas. Ao contrário das crenças anteriores de que as redes cerebrais são iguais para todos, este estudo indica que não são. Essas descobertas podem levar ao desenvolvimento de novas ferramentas de diagnóstico e tratamentos personalizados para cada pessoa com base em sua estrutura cerebral única.

Esta pesquisa é crucial devido ao uso de escaneamentos repetidos. Estudos tradicionais de fMRI possuem limitações, pois a depressão varia ao longo do tempo e um único escaneamento pode não capturar essas mudanças. Ao escanear as mesmas pessoas várias vezes, os pesquisadores conseguem identificar padrões consistentes que podem levar à depressão.

As descobertas têm implicações mais amplas, além da depressão. Se técnicas similares forem aplicadas a outras condições de saúde mental, isso pode revolucionar nosso modo de diagnosticar e tratar esses problemas. Atualmente, os pesquisadores querem usar esse método para observar como os tratamentos para depressão afetam a atividade cerebral. Isso pode resultar em planos de tratamento mais eficazes e personalizados, baseados na estrutura cerebral única de cada indivíduo.

Este estudo confirma a eficácia do método de varredura profunda e pode ajudar a entender e tratar melhor a depressão. Ao identificar que há diferenças fundamentais nas redes cerebrais, podemos desenvolver novas abordagens que considerem essas variações, resultando em melhores resultados para pessoas com problemas de saúde mental.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41586-024-07805-2

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Charles J. Lynch, Immanuel G. Elbau, Tommy Ng, Aliza Ayaz, Shasha Zhu, Danielle Wolk, Nicola Manfredi, Megan Johnson, Megan Chang, Jolin Chou, Indira Summerville, Claire Ho, Maximilian Lueckel, Hussain Bukhari, Derrick Buchanan, Lindsay W. Victoria, Nili Solomonov, Eric Goldwaser, Stefano Moia, Cesar Caballero-Gaudes, Jonathan Downar, Fidel Vila-Rodriguez, Zafiris J. Daskalakis, Daniel M. Blumberger, Kendrick Kay, Amy Aloysi, Evan M. Gordon, Mahendra T. Bhati, Nolan Williams, Jonathan D. Power, Benjamin Zebley, Logan Grosenick, Faith M. Gunning, Conor Liston. Frontostriatal salience network expansion in individuals in depression. Nature, 2024; DOI: 10.1038/s41586-024-07805-2
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