Micro-organismos em movimento: viajantes de longa distância na troposfera inferior

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Por Alex Morales
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Micróbios flutuando na atmosfera com as nuvens.

São PauloPesquisas recentes revelam que microrganismos vivos, como bactérias e fungos, podem se deslocar a grandes distâncias na parte inferior da atmosfera. O Instituto de Saúde Global de Barcelona identificou vários tipos de micróbios a altitudes de até 3.000 metros sobre o Japão. Alguns desses micróbios, que podem causar doenças, vieram de lugares situados a mais de 2.000 quilômetros de distância. Isso contribui para a disseminação de doenças em áreas distantes de uma forma antes desconhecida.

Principais descobertas do estudo incluem:

  • Identificação de mais de 266 gêneros de fungos e 305 de bactérias, incluindo patógenos humanos como Escherichia coli e espécies de Staphylococcus.
  • Associação de microrganismos com elementos agrícolas como sulfato de zinco e potássio, sugerindo uma origem agrícola.
  • Viabilidade e resistência a antibióticos de certos micróbios presentes no ar, incluindo uma cepa de Micrococcus luteus resistente a múltiplos antibióticos.

Essas descobertas são extremamente relevantes. Um problema significativo é que as bactérias resistentes a antibióticos podem ser disseminadas pelo ar. Isso introduz um novo desafio na luta global contra a resistência aos medicamentos. Como essas bactérias podem permanecer vivas e infecciosas por longas distâncias, é essencial monitorá-las no ambiente aéreo.

Práticas agrícolas podem facilitar a disseminação desses microrganismos provenientes de áreas agrícolas. O uso de fertilizantes e pesticidas, especialmente em regiões como o nordeste da China, pode ajudar esses micróbios a se tornarem aerotransportados e viajarem longas distâncias. Compreender essa ligação pode orientar políticas futuras sobre o uso desses produtos químicos, de modo a prevenir efeitos indesejados.

O estudo destaca a importância de explorar a microbiologia atmosférica além dos métodos tradicionais. As técnicas atuais só examinam baixas altitudes e deixam de fora a diversidade de microrganismos em níveis mais altos. Ao pesquisar a troposfera superior, os cientistas podem descobrir novos padrões na distribuição de micróbios e seu impacto nos ecossistemas e na saúde pública.

As descobertas abrem caminho para mais pesquisas. Estudos futuros devem se concentrar em:

  • Identificar os mecanismos específicos que permitem a sobrevivência de microrganismos em condições de alta altitude.
  • Avaliar os impactos na saúde humana causados pela dispersão de microrganismos por longas distâncias.
  • Desenvolver estratégias para gerenciar e prever o movimento de microrganismos patogênicos através de vias atmosféricas.

O estudo realizado por Rodó e sua equipe traz novas perspectivas sobre a disseminação de doenças pelo ar, o que pode influenciar políticas de saúde, agricultura e meio ambiente ao redor do mundo.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1073/pnas.2404191121

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Xavier Rodó, Sofya Pozdniakova, Sílvia Borràs, Atsushi Matsuki, Hiroshi Tanimoto, Maria-Pilar Armengol, Irina Pey, Jordi Vila, Laura Muñoz, Samuel Santamaria, Lidia Cañas, Josep-Anton Morguí, Alejandro Fontal, Roger Curcoll. Microbial richness and air chemistry in aerosols above the PBL confirm 2,000-km long-distance transport of potential human pathogens. Proceedings of the National Academy of Sciences, 2024; 121 (38) DOI: 10.1073/pnas.2404191121
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