Extinção marinha no Jurássico: o que a oxigenação dos oceanos nos alerta para o futuro?

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Por Bia Chacu
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Vida marinha antiga sob águas oceânicas desoxigenadas.

São PauloCientistas descobriram no calcário italiano evidências de uma extinção em massa da vida marinha ocorrida milhões de anos atrás. Esta extinção foi causada pela drástica redução de oxigênio nos oceanos. As descobertas podem nos alertar sobre como as atuais mudanças no clima e nos níveis de oxigênio podem impactar os oceanos de hoje.

Uma Extinção em Massa no Período Jurássico

Um evento de extinção em massa ocorreu durante o Período Jurássico. Os répteis marinhos, como ictiossauros e plesiossauros, eram extremamente comuns nessa época. As erupções vulcânicas na região que hoje é a África do Sul liberaram cerca de 20.500 gigatoneladas de dióxido de carbono ao longo de 500.000 anos. Essa enorme quantidade de CO2 aqueceu os oceanos, fazendo com que perdessem oxigênio. A falta de oxigênio levou à morte e extinção em massa de muitas espécies marinhas.

Principais Destaques:

  • A atividade vulcânica no período Jurássico liberou 20.500 gigatoneladas de CO2.
  • A liberação de CO2 aquecia os oceanos e causava a perda de oxigênio.
  • O oxigênio foi totalmente esgotado em 8% do antigo fundo do mar global.
  • Essa área de 8% é três vezes o tamanho dos Estados Unidos.

Michael A. Kipp, da Universidade Duke, colaborou na redação de um estudo sobre este tema. A pesquisa foi publicada na Proceedings of the National Academy of Sciences. Kipp destacou que esses eventos antigos são os melhores exemplos do que pode ocorrer nas próximas décadas ou séculos devido às emissões de carbono causadas pelo homem.

Mariano Remirez, um dos co-autores e professor pesquisador da Universidade George Mason, detalhou o procedimento do estudo. Os pesquisadores analisaram sedimentos de calcário que contêm substâncias químicas da época da erupção vulcânica. Isso permitiu que estimassem as mudanças nos níveis de oxigênio nos oceanos antigos.

Atividades humanas hoje em dia liberaram emissões de CO2 equivalentes a cerca de 12% dos níveis liberados durante o período Jurássico devido à atividade vulcânica. No entanto, Kipp observou que o CO2 de hoje está sendo liberado muito mais rapidamente do que no passado. Essa rápida taxa de liberação torna difícil prever quando e quão severa outra potencial extinção em massa poderia ser.

Estamos acelerando a transformação do meio ambiente como nunca antes, com os níveis de CO2 atuais aumentando mais rapidamente do que em qualquer outro momento da história. Kipp esclareceu que agora medimos a perda de oxigênio nos oceanos, o que nos permitirá fazer previsões mais precisas sobre o futuro.

Não sabemos quando ocorrerá a próxima extinção em massa. Eventos passados fornecem algumas pistas, mas a rapidez das mudanças atuais torna difícil fazer previsões. Ainda assim, dados precisos sobre quedas passadas nos níveis de oxigênio dos oceanos podem ajudar os cientistas a prever melhor o futuro.

Este estudo levanta questões sobre como o clima e os níveis de oxigênio mudarão no futuro. Cientistas estão investigando esses fatores para entender melhor o que pode ocorrer e como se preparar para isso. O passado oferece insights importantes, mas o futuro ainda é incerto. As rápidas mudanças que testemunhamos hoje tornam essa pesquisa urgente. As conclusões do estudo reforçam a necessidade de monitoramento e pesquisa contínuos.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1073/pnas.2406032121

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Mariano N. Remírez, Geoffrey J. Gilleaudeau, Tian Gan, Michael A. Kipp, François L. H. Tissot, Alan J. Kaufman, Mariano Parente. Carbonate uranium isotopes record global expansion of marine anoxia during the Toarcian Oceanic Anoxic Event. Proceedings of the National Academy of Sciences, 2024; 121 (27) DOI: 10.1073/pnas.2406032121
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