Microbiota intestinal traça mapa estratégico para ação das células imunes

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Por João Silva
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Ilustração de bactérias intestinais direcionando células imunológicas.

São PauloCientistas do Centro Max Delbrück e da Charité -- Universitätsmedizin Berlin descobriram que diferentes partes do intestino do camundongo possuem grupos exclusivos de micróbios. Essa variação influencia o tipo e a distribuição de células imunológicas no intestino. Compreender essa complexa relação entre células imunológicas e micróbios é crucial para estudar doenças inflamatórias.

Um estudo publicado na revista Gut Microbes revela como o microbioma intestinal influencia o sistema imunológico. Pesquisadores utilizaram camundongos livres de germes, sem bactérias intestinais, e os compararam com camundongos normais que possuíam essas bactérias. Eles coletaram amostras dos intestinos e utilizaram sequenciamento metagenômico para identificar as bactérias presentes. Simultaneamente, utilizaram citometria de fluxo para analisar os tipos de células imunológicas em cada parte do intestino.

Principais descobertas do estudo incluem:

  • As comunidades microbianas no trato gastrointestinal variam muito conforme a localização.
  • Células imunológicas adaptativas são mais comuns nas partes inferiores dos intestinos.
  • Células de imunidade inata são mais abundantes nos segmentos superiores.
  • A distribuição de células imunológicas é significativamente alterada em camundongos livres de germes.

A Influência do Microbioma Intestinal na Imunidade

Esta descoberta é extremamente relevante para a imunologia. Ela revela que o microbioma intestinal afeta não apenas as reações imunológicas locais, mas também tem impactos em todo o corpo. A presença de células imunes adaptativas, que reagem a substâncias estranhas, no intestino grosso indica que essa região pode ser crucial para enfrentar patógenos e outros materiais estranhos. Em contrapartida, o intestino delgado, que possui mais células imunológicas inatas, pode atuar como a primeira linha de defesa contra microrganismos.

A organização das células imunológicas evidencia a flexibilidade e adaptabilidade do sistema imunológico. Essas células podem alterar sua disposição conforme a presença de microrganismos, revelando uma relação íntima entre o sistema imunológico e as bactérias em nosso corpo. Esse entendimento pode resultar em tratamentos mais específicos para doenças inflamatórias como doença de Crohn e colite ulcerativa.

O estudo tem impactos significativos em doenças fora do intestino. Pesquisadores estão começando a considerar como as células imunológicas se movem do intestino para outras partes do corpo. Por exemplo, será que células imunológicas em órgãos afetados por problemas como pressão alta ou doenças renais podem ter sua origem no intestino? Esta pergunta pode nos ajudar a entender como o microbioma intestinal influencia outras doenças no organismo.

Agrupar células imunológicas com base nas bactérias com as quais elas interagem ou onde estão localizadas pode ajudar a desenvolver novos testes médicos. Um novo aplicativo do estudo permite que os pesquisadores vejam rapidamente a quantidade e a função de células imunológicas específicas em qualquer parte do intestino. Esta ferramenta pode acelerar as pesquisas em várias áreas, ajudando os cientistas a concentrar-se em certas células e regiões conforme suas perguntas.

Ao entender como esses fatores atuam, podemos desenvolver melhores planos de dieta e tratamentos probióticos que alterem a flora intestinal para reforçar o sistema imunológico. Isso nos aproxima da medicina personalizada, onde os tratamentos são adaptados com base no perfil único de cada pessoa, incluindo seu intestino e sistema imunológico.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1080/19490976.2024.2398126

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Harithaa Anandakumar, Ariana Rauch, Moritz I. Wimmer, Alex Yarritu, Gudrun Koch, Victoria McParland, Hendrik Bartolomaeus, Nicola Wilck. Segmental patterning of microbiota and immune cells in the murine intestinal tract. Gut Microbes, 2024; 16 (1) DOI: 10.1080/19490976.2024.2398126
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