Painéis solares flutuantes podem abastecer países inteiros, segundo estudo de universidades britânicas

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Por João Silva
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Painéis solares flutuantes em um grande lago calmo.

São PauloUma nova pesquisa revela que painéis solares flutuantes poderiam satisfazer as necessidades energéticas de alguns países. O estudo foi realizado por pesquisadores das Universidades de Bangor e Lancaster e do Centro de Ecologia & Hidrologia do Reino Unido. Eles analisaram o potencial mundial para painéis solares flutuantes, utilizando dados climáticos de quase 68.000 lagos e reservatórios ao redor do mundo.

O estudo analisou lagos que estão:

  • A menos de 10 quilômetros de uma cidade
  • Fora de áreas protegidas
  • Não secam
  • Não congelam por mais de seis meses por ano

Os pesquisadores avaliaram a produção diária de eletricidade em cada local, assumindo que os painéis solares flutuantes cobririam apenas 10% de um lago, até um máximo de 30 quilômetros quadrados. A produção variava conforme a altitude, a latitude e a estação do ano. Esses painéis flutuantes poderiam gerar 1302 terawatts-hora (TWh) de eletricidade por ano, o que é quatro vezes mais do que o consumo anual de eletricidade do Reino Unido. Os resultados do estudo foram publicados na revista Nature Water em 4 de junho de 2024.

Painéis solares flutuantes têm várias vantagens em comparação aos instalados em terra. Eles não ocupam terrenos que poderiam ser utilizados para outras finalidades. Além disso, permanecem mais frios, o que melhora seu desempenho. Também podem ajudar a economizar água ao reduzir a evaporação. Há indícios de que podem ajudar a prevenir florescimentos algais. No entanto, precisamos de mais estudos para compreender seu impacto ambiental completo.

Os pesquisadores decidiram utilizar 10% da superfície do lago porque acreditavam ser uma quantidade segura. O Dr. Woolway mencionou que essa porcentagem poderia variar conforme diferentes condições.

O estudo revelou que alguns países conseguem atender todas as suas necessidades de eletricidade com painéis solares flutuantes. Por exemplo, Papua Nova Guiné, Etiópia e Ruanda podem se energizar totalmente. A Bolívia pode suprir 87% de sua demanda, enquanto Tonga pode chegar a 92%. Muitos países na África, no Caribe, na América do Sul e na Ásia Central podem atender entre 40% e 70% de suas necessidades energéticas.

Na Europa, a Finlândia pode atender a 17% de suas necessidades de eletricidade com energia solar flutuante, enquanto a Dinamarca pode atender a 7% de suas demandas. O Reino Unido poderia gerar anualmente 2,7 TWh de eletricidade a partir de painéis solares flutuantes, suficiente para abastecer cerca de um milhão de lares considerando o consumo médio atual de 2.700 kWh por ano. Atualmente, o Reino Unido possui poucas instalações de energia solar flutuante. A maior delas é uma fazenda de 6,3 MW localizada no reservatório Queen Elizabeth II, perto de Londres.

O Dr. Woolway ressaltou as vantagens para todos. Nações com menos recursos financeiros, mas com abundância de sol, podem se favorecer. Países do norte da Europa também podem tirar proveito. Os critérios escolhidos focaram em manter os custos baixos e minimizar os riscos.

A professora Alona Armstrong, da Universidade de Lancaster, destacou a importância de um planejamento cuidadoso. Ela afirmou que os painéis solares flutuantes têm um grande potencial globalmente, mas que sua instalação deve levar em consideração as necessidades energéticas, o impacto ambiental, os efeitos na sociedade e as metas climáticas.

A pesquisa recebeu financiamento do Conselho de Pesquisa do Meio Ambiente Natural, que faz parte da UK Research and Innovation.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s44221-024-00251-4

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

R. Iestyn Woolway, Gang Zhao, Sofia Midauar Gondim Rocha, Stephen J. Thackeray, Alona Armstrong. Decarbonization potential of floating solar photovoltaics on lakes worldwide. Nature Water, 2024; DOI: 10.1038/s44221-024-00251-4
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